A Microsoft chocou o mundo da tecnologia ao anunciar dois tablets Windows 8 chamados Surface. Mas não foi apenas o ar misterioso do evento de divulgação que tornou as notícias tão impressionantes.
Pela primeira vez, a Microsoft fabricará os seus próprios computadores com Windows. A companhia estará em competição direta com empresas parceiras na produção de hardware, como HP e Dell. E, a julgar pelas reações iniciais, a empresa de Redmond está em uma boa posição para vencer. Os efeitos potenciais do Surface no mercado de computadores não podem ser subestimados.
E mesmo assim, qualquer pessoa que prestou atenção no mercado de tecnologia nos últimos cinco anos não deveria ficar muito surpresa com isso. A abordagem da Microsoft com o Surface – desenvolvendo o hardware juntamente com o software – é a mesma que a Apple adota há décadas. E o método da empresa de Cupertino está valendo a pena – basta ver o crescimento do iPhone e do iPad, e o sucesso do MacBook Air. Demorou alguns anos para outras companhias correrem atrás, mas agora está finalmente acontecendo.
“Nós acreditamos que qualquer intersecção entre humanos e máquinas pode ficar melhor quando todos os aspectos da experiência – hardware e software – são considerados em um trabalho conjunto”, disse o CEO da Microsoft, Steve Ballmer, durante o evento de apresentação do Surface. Você também poderia atribuir essa afirmação a Steve Jobs e se safar com isso.
Google segue os passos
A Microsoft não é a única companhia que está simpatizando com a abordagem da Apple. A Google também pretende construir mais dos seus próprios aparelhos. Um novo tablet com a marca da gigante de buscas, fabricado pela Asus, pode ser anunciado nesta semana durante a conferência para desenvolvedores Google I/O, de acordo com diversos rumores. Muitos outros aparelhos da Google, incluindo novos smartphones Nexus, também estariam a caminho. E não se esqueça de que agora a companhia de Mountain View agora é dona da fabricante Motorola, que pode começar a produzir seu próprio hardware do Nexus no futuro.
A Google já fabricou smartphones Nexus (juntamente com uma fabricante de hardware parceira), mas a ênfase é diferente agora. Os aparelhos da família Nexus uma vez significaram uma referência para desenvolvedores e fabricantes de hardware. Agora, a Google enxerga-os como uma maneira de entregar o sistema Android e os serviços da loja Google Play diretamente ao consumidores, sem modificações feitas por outras empresas e livre de softwares adicionais inúteis.
“Nós queremos te dar um lugar para comprar os aparelhos Nexus que funcionem muito bem com seu entretenimento digital”, afirmou recentemente o vice-presidente sênior de conteúdo digital e mobile da Google, Andy Rubin. Parece que a empresa aprendeu que o iTunes é tão importante para a Apple quanto o sistema principal iOS. Novamente, isso significa software, serviços e hardware todos pensados juntos.
Essa nova postura significa boas notícias para os consumidores. As empresas como Dell e HP podem não ficar felizes com isso, mas elas não tem outra opção além de jogar o jogo, uma vez que não existe outra companhia para elas se virarem além de Microsoft e Google. (A HP tentou controlar o seu ‘destino de software’ com o WebOS, mas falhou espetacularmente, e agora a empresa voltou a se comprometer com o Windows.)
A Apple precisa de rivais melhores, especialmente no mercado de tablets. Ao concorrer com seus parceiros na fabricação de hardware – e aprendendo algumas lições com a Apple – Microsoft e Google podem acabar levantando o nível para todos.
FONTE: IDG NOW