Setor de Tecnologia da Informação é o único setor da economia que provoca, ao mesmo tempo, mudanças na vida em sociedade (pense, p.ex. na "primavera árabe", no tele-trabalho ou no "governo eletrônico") e no negócio de todos os demais setores da economia: é quase lugar comum dizer que se trata de um setor estratégico. Entretanto, o nível de conhecimento a respeito do próprio setor ainda é bem inferior ao que existe para outros setores da economia.
Comparando com o setor automotivo, por exemplo, cujo peso no PIB é praticamente equivalente, muito pouco se conhece sobre a cadeia de fornecedores do setor (considerada, inclusive, parcialmente ilegal pela legislação atual). Muitos outros aspectos precisam de "luz".
O esforço dos institutos de estatística oficiais, em todo mundo, tem procurado medir o impacto da Sociedade da Informação, sob auspício das Nações Unidas, já há quase duas décadas. Entretanto, esses indicadores dizem respeito principalmente à penetração da infraestrutura no dia-a-dia das sociedades, medindo p.ex. a quantidade de usuários de Internet ou de computadores a cada cem habitantes e/ou residências.7
Outros estudos visam medir sistematicamente o grau de alfabetização digital das populações. Entretanto, não há estudos sistemáticos e profundos sobre a própria indústria de TI. Os estudos disponíveis comercialmente se focam apenas em questões relacionadas a volume de vendas, tipo de tecnologia e outras que, embora importantes em curto prazo para avaliar o desempenho do setor, não são suficientes para uma compreensão profunda e de longo prazo.
Diante desse quadro, ainda em 2010, a Assespro Nacional, durante o desenvolvimento de seu planejamento estratégico para o período 2011/2012, determinou como um de seus objetivos, de forma pioneira, a realização de um Censo Nacional do Setor de TI.
A realidade dura e crua, porém, fez com que fosse necessário praticamente despender todo o ano de 2011 para determinar os temas e as perguntas que deveriam fazer parte deste Censo.
Adicionalmente, uma entidade de classe, por maior que seja, e mesmo contando com a importante cooperação das demais entidades do setor, não tem como garantir que todas as empresas participem com seus dados (isto só é possível com a participação do governo).
Assim, de um ponto de vista estatístico, o Censo é de fato uma grande e inédita pesquisa. Para viabilizar sua execução, a Assespro conta com o patrocínio da empresa MBI, especializada em pesquisas para o setor de TI e associada da entidade.
Mesmo com essas limitações práticas, esta primeira edição do Censo do Setor de TI já despertou interesse de diversos agentes envolvidos com o setor, para desenvolver análises específicas.
Já houve manifestações nesse sentido de órgãos do governo federal (principalmente no tocante aos aspectos relacionados à inovação), de outras entidades do setor (interessadas em validar teses políticas específicas e/ou cruzar os dados com suas análises), além de vários pesquisadores de universidades públicas e privadas que usarão o material coletado em suas pesquisas e teses acadêmicas.
Mesmo viabilizando toda essa interação para o uso profundo dos dados coletados, ainda resta muito trabalho a frente: o próximo passo consistirá na internacionalização deste esforço, por meio das Federações Internacionais nas quais a Assespro participa, para que os indicadores derivados deste trabalho possam ser comparados também entre países (afinal, não há setor mais globalizado do que o da própria Tecnologia da Informação).
Esperamos que isso seja o começo de uma longa jornada que permita obtermos conhecimento profundo sobre um setor tão estratégico, de forma que as decisões públicas que o impactam possam ser cada vez mais precisas. Ao mesmo tempo, esperamos que os dados levantados possam servir, ao longo do tempo, para aumentar a geração de oportunidades de negócios com clientes para as empresas, além de facilitar a criação de alianças estratégicas entre empresas do setor, tanto comerciais quanto focadas em pesquisa e desenvolvimento.
FONTE: Administradores