Uma agência de comunicação do Rio de janeiro, a Frog, propõe uma questão interessante: o fim da profissão de "Analista de Mídias Sociais".
De acordo com Roberto Cassano, diretor de Planejamento e Estratégia da agência, um dos principais motivos para o manifesto é o fato de a função de analista, por ser multitarefa e multidisciplinar, fazer deste profissional alguém muito genérico em "missões" que exigem um especialista.
Com salários que variam de 900 reais a 2,8 mil, segundo a Abradi-RJ, Cassano acredita que esse profissional seja "um exército de um homem só". Para o executivo, a definição que querem contestar é a de que o analista seria uma pessoa capaz de cuidar de todos os aspectos da presença de uma marca em redes sociais, o que não é o caso.
"O analista pensa e executa a presença de uma empresa nos meios digitais. Ele planeja, escreve, interage, monitora, mensura e, se precisar, ainda faz o café", diz o executivo. Ele acredita que o amadurecimento e a evolução do mercado de mídias sociais ficarão comprometidos se não houver uma divisão das especialidades.
Apesar de acreditar que todo profissional é multitarefa, sendo "ótimo em algumas coisas e boas em outras", tendo objetivos primários e secundários, a agência acredita que o melhor a se fazer é segregar esse perfil em várias partes. Dessa forma, é possível obter especialistas nos mais variados assuntos relacionados ao monitoramento web.
A agência ainda defende que o analista de mídias sociais é alguém tão apaixonado pelo que faz que acaba vendo resultado onde esse não existe, agregando valor a um "curtir" no Facebook ou a uma réplica no Twitter. No entanto, é necessário dar ao cliente um resultado que ele consiga mensurar, sendo para isso necessário que cada profissional saiba de sua responsabilidade.
"Sugerimos um profissional com a mesma paixão, com a mesma visão do todo, mas com perfil mais focado. É um cara de planejamento? É uma pessoa que ama gerir comunidades? É uma pessoa de inteligência ou mensuração? No fundo, é a mesma evolução que teve o profissional tecnológico, que começou como webmaster e hoje se divide em inúmeras profissões", afirma Roberto.
Com essa afirmação, surgem algumas dúvidas. Como formar esse tipo de profissional? Isso não encarece o trabalho, ao trocar uma pessoa por várias? "Como toda nova profissão, é uma mistura de disciplinas, de teoria e prática. É mais uma questão do foco que se dá. Dessa maneira, esse profissional se forma com uma base consistente e coerente com o caminho que ele seguirá (Publicidade, Jornalismo, Pesquisa de Mercado, Estatística etc). Do lado técnico, temos conversado com várias instituições de ensino, e inclusive somos parceiros de algumas na concepção e promoção de cursos. Há muito “caça níquel”, mas também muitas instituições sérias, muitas já segmentando a formação nos moldes do que propomos. Assim, há cursos específicos para métricas, gestão de comunidade, mídia de performance etc".
Quanto ao encarecimento do serviço, Roberto é direto: "Nas agências onde o universo das mídias digitais é maduro, a estrutura já é assim. Se você quer ter um trabalho bem-feito, é inviável que uma pessoa atue como uma só. Dessa maneira, são precisos três, quatro ou mais analistas. Só sugerimos que, ao invés dos quatro baterem cabeça, trabalhem de forma estruturada". Ou seja, o que agência defende é a segmentação da própria equipe, que geralmente já conta com mais de um analista em seu quadro.
Para que não restem dúvidas sobre o assunto, perguntamos também ao diretor da agência como está o crescimento da profissão no Brasil e como ela é encarada nos outros países."Essa semana a internet alcançou o posto de segunda principal mídia do país, atrás apenas da TV em investimentos. Isso mostra o potencial do lado mais conhecido, que é a comunicação em redes e mídias sociais. O outro lado ainda é raro: o social business, que é a integração dessas disciplinas com todas as outras áreas da empresa".
"Lá fora, o social business é bastante maduro e difundido, e algumas dessas profissões oriundas do analista são muito maduras. O Gestor de Comunidade, por exemplo, é uma profissão bastante comum. Mesmo aquele que é generalista, como o Social Media Manager, tem seus limites e perfis claramente definidos", finaliza Roberto.
FONTE: IDG NOW