Um estudo realizado em dezembro de 2011 pela TNS Research International apontou que 40% dos pais brasileiros são influenciados pelos seus filhos nas suas decisões de compra de eletroeletrônicos. Das 600 famílias entrevistadas nas principais capitais brasileiras, 39% afirmaram que ouvem os filhos antes de escolher um tablet ou smartphone.
O Olhar Digital também fez sua pesquisa por meio de uma enquete no site. O resultado foi o esperado: 58,1% dos leitores que responderam à pergunta disseram que consultam seus filhos na hora de comprar algum equipamento eletrônico ou são influenciados por suas opiniões. Em uma busca rápida, descobrimos que esta influência dos jovens não se limita somente aos dispositivos móveis, como sugere o estudo da TNS. Paulo Mercado, diretor executivo de comércio exterior, é um dos exemplos de pais que compraram um produto por indicação do filho. Ele adquiriu um MacBook Pro para deixar na sua casa porque Henrique, de 16 anos, deu a sugestão.
"Jovens têm bom conhecimento em tecnologia e são usuários intensivos. É ele que mexe mais no computador e, por isso, indicou o MacBook, que seria ideal para usar em casa e fazer integração com os iPads que eu e minha mulher temos", comenta.
O executivo também conta que foi o filho quem demandou o aumento da banda larga da sua casa. Ele diz que nem chegou a questionar Henrique, pois sabia que a mudança seria positiva. "Precisamos ter noção das coisas para comprar aquilo que atenda a necessidade, mas sempre levo em conta a opinião do meu filho", conclui.
Na casa de Paulo há ainda um diferencial. Não só ele como a sua esposa gostam e entendem de tecnologia, portanto, os três estão em pé de igualdade. No entanto, ele ressalta que, na maioria das casas, em que os pais são leigos, os filhos influenciam muito a decisão de compra de eletrônicos.
O bacharel em sistema de informação, Alessandro Valdez Lopes, também conhece de tecnologia e, mesmo assim, acaba sendo influenciado pelo seu filho na escolha de equipamentos tecnológicos. Gabriel, de 13 anos, sabe convencer o pai com argumentos bem fundamentados. Na época em que a família decidiu adquirir um novo notebook, foi ele quem explicou para o pai quais os benefícios da máquina sugerida.
"Ele sabe características das coisas como processador ou tamanho da tela. Eu não costumo consultá-lo porque entendo do assunto, mas ele sempre traz ideias e eu acabo levando em consideração muita coisa", explica.
No quesito videogame, como não poderia ser diferente, foi Gabriel quem deu a palavra final. Os pais queriam comprar um PS3, mas ele foi tão persuasivo ao expor as especificações do Xbox, que Alessandro acabou comprando o que o filho queria. Com o celular também houve um incentivo da parte de Gabriel, que queria que o pai tivesse um iPhone.
"Obviamente, nem tudo o que ele sugere nós fazemos, mas ele acaba influenciando bastante. Outro dia ele reclamou da velocidade da internet de casa, mas eu não dei muita bola, pois hoje, para nós, não seria necessário aumentá-la. Nenhum de nós passa muito tempo em casa", finalizou.
Diferente de Alessandro, a professora Luiza Domaradzki compra tudo que os filhos sugerem. Depois de ganhar um tablet de presente do primogênito, ela começou a pedir dicas de apps para comprar e aprendeu tudo sobre o sistema operacional Android. Além disso, quando ela pensa em adquirir alguma coisa, ela pede suas dicas. “Não compro nada sem consultá-los primeiro, de TV a celular", diz. E ainda completa: "Segundo os amigos dos meus filhos, eles nunca viram uma mãe tão antenada quanto eu!".
Os próprios jovens dizem ter bastante influência nas decisões de compras dos pais ou, em muitos casos, acabam incentivando os mais velhos a se interessar por tecnologia. Eles garantem que as sugestões dadas facilitaram muito a vida deles e sentem orgulhosos pela contribuição. A estudante Carla Pari, de 15 anos, foi quem convenceu os pais a trocar a internet móvel, usada em casa, por um plano de internet com Wi-Fi. "Era muito lenta e não dava para baixar músicas ou seriados. Eu reclamei bastante e eles optaram pelo wireless. Hoje todo mundo está bem mais satisfeito", conta.
O mesmo aconteceu com o estudante Eduardo Pereira Moni, 18 anos. Ele diz ter influenciado muito a mãe, Elide, a comprar um smartphone. Foi ele quem ensinou a ela como funcionava o Wi-Fi, Bluetooth e até o Google Maps. Depois destes aprendizados, Elide foi correndo comprar um celular com acesso à internet para usufruir disso tudo.
"Ela pediu minha opinião sobre qual aparelho deveria comprar e qual teria o melhor custo-benefício. Nós fomos à loja juntos", lembra. "Antes de eu explicar as coisas, ela achava que um celular só servia para fazer ligação ou mandar mensagens. Ela também achava que o único celular com mais funcionalidades que existia no mercado era o iPhone. Hoje ela está com um aparelho que roda Android", diz.
O jovem também conta que a mãe, que é professora, começou a se interessar por redes sociais depois que passou a acessar a internet pelo celular. Com a sugestão de Eduardo, Elide fechou um pacote de dados e a combinação da web e do aparelho deu a ela a chance de se comunicar melhor com seus alunos. "Tenho certeza que as coisas que apresentei facilitaram a vida dela", finaliza.
FONTE: Olhar Digital