Antigamente o mundo da tecnologia era dominado por homens. Mas, para alegria das feministas, este cenário mudou - e muito. Hoje, muitas mulheres estão tomando as rédeas de grandes empresas de TI como HP, IBM, Intel e Google. No caso da HP, Meg Whitman está no comando geral e, desde janeiro, a IBM passou a ser liderada por Virginia Rometty.
De todas, Meg carrega o fardo mais pesado. A executiva, que já passou pela presidência do eBay e pelo Partido Republicano, chegou à HP com o objetivo de reestruturar a empresa após a gestão mal sucedida de Leo Apotheker. "Estamos passando por um momento crítico e precisamos renovar nossa liderança para implementarmos com sucesso nossa estratégia de negócios e aproveitarmos as oportunidades que se abrem à nossa frente", comentou Ray Lane, presidente do Conselho de Administração da companhia durante o anúncio do nome da presidente.
Apotheker passou por alguns dilemas no comando da HP. Se a fabricante investisse no acompanhamento do crescimento da Apple - que afetou as vendas de PCs com seu iPad –, os lucros da companhia seriam inevitavelmente menores. A partir daí, não haveria muita margem para grandes resultados no curto prazo, já que o setor de PCs é altamente competitivo. Então, o executivo decidiu redirecionar a fabricante para o mundo do software e abandonar a produção de PCs. Porém, a manobra não foi bem vista pelo mercado e Leo acabou sendo substituído.
Com isso, logo no início de sua gestão, Meg foi obrigada a desfazer algumas das decisões de seu antecessor, como anunciar que a empresa iria manter sua divisão de PCs e a retomada da produção de tablets para o mercado corporativo, evitando a acirrada concorrência com o iPad. "Queremos crescer no setor de software, mas sem abandonar os computadores", disse a CEO durante o anúncio.
As resoluções da nova presidente foram vistas com bons olhos pelos analistas. Rob Enderle, do Enderle Group, considerou a desistência do spinoff muito positiva. "Isso mostra que ela toma decisões coerentes e será difícil de ela se enganar e fazer algo estúpido. Acho que esta é mais uma prova de que fizeram bem em trazer Whitman para endireitar o navio", concluiu.
Já Virginia Rometty assumiu o leme da IBM em situações bem mais confortáveis. O maior desafio da executiva é dar continuidade ao trabalho bem executado de seu sucessor Samuel Palmisiano, que colocou a empresa de volta à ativa. Em outubro de 2011, após 15 anos, a fabricante voltou a ser mais valiosa do que a Microsoft. A empresa superou a companhia de Bill Gates em valor de mercado e virou a quarta maior do mundo. Atualmente, o valor da IBM é de US$ 203,8 bilhões, contra US$ 203,7 bilhões da Microsoft.
Em 100 anos de história, esta foi a primeira vez que uma mulher conduz a IBM. Desde que o ex-CEO completou 60 anos e pensou em abandonar o cargo, Virginia foi citada como a pessoa mais preparada para assumir a presidência global da companhia. A executiva, que trabalha há três décadas na fabricante, ganhou notoriedade quando liderou o processo de integração com a consultoria Price Waterhouse Coopers. Uma de suas tarefas foi transformar a IBM em uma fornecedora de soluções.
"Ela é mais do que uma admirável executiva operacional", disse Palmisano ao divulgar o nome da sucessora. "Ela traz para o cargo de CEO uma combinação única de visão, foco no cliente, implacável direção, além de paixão pelos funcionários e futuro da empresa", concluiu.
Outras duas mulheres que merecem destaque são Deborah Conrad, da Intel, e Marissa Mayer, do Google. Apesar de ambas não estarem propriamente à frente das companhias, elas são constantemente citadas como pilares importantes dentro das empresas.
A vice-presidente e chefe do departamento de marketing da Intel se uniu à equipe em 1986 como assessora de imprensa e nunca mais saiu. Ela chegou a trabalhar na Intel da Ásia por um tempo e voltou para os Estados Unidos para liderar o "Team Apple", uma das principais alianças da companhia. Em 2008, quando foi nomeada diretora de marketing, Deborah não se intimidou com as decisões tomadas por seus antecessores e fez mudanças drásticas que permanecem até hoje. "Algumas das coisas que estávamos fazendo eram medíocres ou simplesmente ruins", disse Conrad em entrevista para a Advertising Age. "Foi muito libertador para todos, pois todos queríamos as mesmas coisas", completou.
Uma das mudanças mais impactantes foi o término de uma parceria global de anos com a McCann Erickson. Deborah trocou a famosa agência de publicidade por outras empresas menores que, segundo ela, se encaixavam melhor com os planos da Intel. A executiva também foi responsável pela criação de um dos eventos de maior destaque da empresa, o "The Creators Project". A iniciativa, que conta com a parceria da revista Vice, mostra na música, artes plásticas e filmes as novas possibilidades oferecidas pela inovação tecnológica.
O segredo da executiva para tanta coragem e criatividade é a inspiração de alguns mentores. "Eu encontro muita motivação nas pessoas com quem eu trabalho e que trabalham pra mim. Não são apenas os líderes, mas a próxima geração de profissionais que está chegando. Eles são mais destemidos e em sintonia com seus sonhos”, finalizou.
A musa do Google também compartilha das mesmas qualidades de Deborah. Marissa Mayer participou da história da empresa desde o começo e foi a primeira engenheira mulher da empresa. A executiva chegou ao Google em 1999, época em que o site ainda fazia algumas centenas de milhares de buscas por dia, e criou e desenvolveu a interface de buscas, além de ampliar o site para mais de 100 línguas. Mayer ainda ajudou a introduzir novos recursos ao buscador, incluindo a busca Instant, que permite resultados em tempo real na ferramenta da companhia.
Recentemente, ela passou de vice-presidente de Pesquisa de Produto para supervisora de serviços locais e de geolocalização, dois mercados que a companhia está focando para impulsionar as vendas. E, como se não bastasse, a engenheira também está entrando para o comitê operacional da empresa, o grupo de gerência mais antigo do Google.
O motivo do sucesso destas e de tantas outras executivas é o fato das mulheres levarem para o mundo corporativo a colaboração e sociabilidade, segundo pesquisa do departamento de Psicologia da Universidade de Hertfordshire (Reino Unido). De acordo com a professora responsável pela pesquisa, Karen Pine, durante o estudo ela pode perceber que ter pelo menos três mulheres na diretoria fez com que as empresas superassem a concorrência em ao menos 40%, em todos os quesitos aferidos.
FONTE: Olhar Digital