SEATTLE, 8 Mar (Reuters) - Ray Ozzie, o homem que sucedeu Bill Gates como visionário tecnológico da Microsoft, acredita que o mundo tenha superado o computador pessoal, o que pode ter deixado para trás a maior produtora mundial de software.
O computador pessoal, que serviu de fundação ao poderio da Microsoft e ainda determina seu desempenho financeiro, foi deixado para trás por poderosos celulares e tablets acionados por softwares do Google e da Apple, disse o antigo executivo da Microsoft.
"As pessoas discutem se estamos ou não em um mundo pós-PC. Não existe o que discutir: é claro que estamos em um mundo pós-PC", disse Ozzie em uma conferência sobre tecnologia promovida pelo blog tecnológico GeekWire, em Seattle, na quarta-feira.
"Isso não significa que o computador pessoal vai morrer, mas apenas que, nos cenários em que o usamos, deixamos de nos referir aos aparelhos como computadores e os designamos por outros nomes", acrescentou.
Ozzie estava fazendo seus primeiros comentários públicos sobre a Microsoft desde que saiu abruptamente da gigante da tecnologia, em 2010. Ele falou horas depois que Tim Cook, presidente-executivo da Apple, a maior rival da Microsoft, enfatizou a emergência do "mundo pós-PC", criado pelo iPad.
As vendas de celulares inteligentes já superaram as de computadores, e as de tablets estão se aproximando delas rapidamente.
Ozzie, 56 anos, um programador lendário que desenvolveu o aplicativo de e-mail Lotus Notes nos anos 1980 e 1990, foi selecionado diretamente por Gates para o posto de vice-presidente de arquitetura de software da Microsoft em 2006, para fazer de sua capacitação em colaboração via Web a peça central do pensamento da empresa.
Ozzie teve papel central no projeto Azure, da Microsoft -o principal esforço da companhia no campo da computação em nuvem-, mas se demitiu quatro anos depois com a Microsoft ainda atrás da Amazon.com e Google em desenvolvimento para soluções na web.
"Meu trabalho lá era administrar mudanças. Bill (Gates) e Steve (Ballmer, o presidente-executivo) me pediram para estudar a companhia, descobrir o que não funcionava e tentar o melhor para consertar os defeitos", disse Ozzie.
"Estou feliz com algumas das mudanças que promovemos. A companhia mudou muito, avançou muito, e estou feliz sobre algumas coisas, mas impaciente quanto a outras", acrescentou.
Ozzie disse que o destino do Windows 8 determinará o futuro da Microsoft. A mais recente versão do sistema operacional funcionará em tablets com chips da ARM, e a Microsoft espera poder competir com o iPad, da Apple, e colocar a companhia de volta no topo da cadeia de consumo tecnológico.
FONTE: Tecnologia Terra