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N o t í c i a s

24/1/2012
Qual é o papel do CIO na era da TI invisível?

Um fenômeno muito interessante que ocorre em muitas das médias e grandes empresas é a chamada “IT invisível” _ tecnologias e serviços adquiridos pelos usuários das áreas de negócio, com seus próprios budgets, à sombra de TI. Este fenômeno surgiu com o advento do modelo client-server, que permitiu que áreas usuárias comprassem pequenos servidores e aplicativos departamentais, sem que TI soubesse, acelerou com o advento da Internet e agora vemos sua potencialização pela computação em nuvem.

Vamos imaginar um cenário hipotético. Um executivo da linha de negócios precisa de um sistema de gestão de frotas. A resposta que ele vai ouvir do CIO provavelmente será: “Não tenho budget para desenvolver este sistema internamente, mas vá ao mercado e selecione um aplicativo que seja adequado e depois volte aqui”. Ele assim o faz. Pesquisa o mercado e seleciona um, dentre vários aplicativos. Volta ao CIO, mostra o aplicativo e ouve: “Muito bem, mas o aplicativo roda em Windows e meu ambiente é Linux. Terei que adquirir um servidor, banco de dados e outros softwares que serão necessários para operar o sistema. Além disso, será preciso contratar um administrador para este novo ambiente. Tudo isso vai demorar uns 3 meses”. Resultado: ele vai gastar o dobro do planejado e terá que esperar muito tempo após aportar seu budget para usufruir da funcionalidade oferecida pelo aplicativo na sua empresa.

Outra coisa que ele poderá fazer: buscar aplicativos oferecidos na modalidade SaaS e adquirir um diretamente, “bypassando” por completo TI. Caso a empresa tenha o CRM da Salesforce, poderá ir ao AppExchange (http://appexchange.salesforce.com/home) e selecionar um dentre vários aplicativos. Hoje, o AppExchange funciona apenas para aplicativos que rodem na nuvem do Salesforce. E nada impede o surgimento de outros mercados, como vemos no setor de aplicativos móveis com Android market, App Store, etc.

O que o CIO deverá fazer? Lutar contra? Será quase impossível ganhar a guerra, pois o apelo econômico do modelo de computação é extremamente atrativo para ser ignorado. E com mais e mais disponibilidade de ofertas em nuvem, os usuários buscarão atender suas próprias demandas passando por cima das barreiras impostas por TI.

A área de TI deve compreender que ela e os usuários têm prioridades diferentes na hora de adquirir serviços e produtos de tecnologia. TI se preocupa primeiramente com questões de segurança e compatibilidade do novo aplicativo com o ambiente operacional. Os usuários priorizam a funcionalidade do aplicativo e deixam em segundo plano estas questões “técnico-mundanas”.

O atual modelo on-premise cria algumas barreiras, pois mesmo que o usuário adquira um aplicativo de forma independente, muitas vezes TI tem que entrar no circuito para instalar o servidor e seu ambiente operacional. Em nuvem, TI não é necessária. O usuário interage diretamente com o provedor da nuvem e adquire o serviço com cartão de crédito. O acesso a vastos e baratos recursos computacionais, como servidores virtuais em nuvens IaaS ou aplicativos SaaS, pagos com cartão de crédito, tornam as coisas mais fáceis para o usuário “bypassar” TI.

À medida que este hábito se espalhar pela organização teremos uma bomba relógio. Provavelmente muitos destes aplicativos deverão interoperar com outros que estejam em outras nuvens ou mesmo on-premise em servidores gerenciados por TI. Como fazer esta interoperabilidade acontecer? Além disso, até que ponto os usuários se preocuparam com questões como backup ou aspectos legais quanto a privacidade e soberania dos dados?

Portanto, TI não pode e nem deve abdicar da responsabilidade de manter as tecnologias operando de forma segura e sempre disponível. Mas, na minha opinião, o atual modelo de controle de TI, extremamente restritivo, baseado no modelo de aplicativos e recursos computacionais on-premise, terá que ser flexibilizado. Em tempos de mídias sociais, smartphones e tablets não dá para esperarmos muitos meses por um aplicativo. A velocidade do negócio exige que TI responda cada vez mais rápido e, assim, em vez de lutar contra, TI deverá se colocar como facilitador do processo de adoção da “TI invisível”. Esta já está acontecendo mesmo…

A área de TI deverá liderar o processo de adoção de cloud pelos usuários, propondo critérios e modelos de aquisição de recursos em nuvem, de modo a mitigar riscos para o negócio, aumentar economias de escala e garantir a integração e aderência à regras e legislações do setor. TI deve, na verdade, “legalizar” a “TI invisível” e, portanto, deverá atuar de forma cada vez mais integrada e aderente às demandas do negócio. Suas prioridades deverão ser as mesmas do negócio.

(*) Cezar Taurion é diretor de novas tecnologias aplicadas da IBM Brasil e editor do primeiro blog da América Latina do Portal de Tecnologia da IBM developerWorks.

FONTE: CIO UOL


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