É bom você não olhar agora, mas tem um grupo de funcionários da sua empresa que está desligando os notebooks e BlackBerrys que a companhia entregou a eles. Preferem usar seus equipamentos pessoais – mais finos, mais móveis e mais intuitivos – em vez de se prender às velhas tecnologias aprovadas pelas normas de TI da organização, consideradas ultrapassadas e difíceis de usar.
Essa tendência me chamou a atenção de verdade quando Dan Matthews, CTO da empresa IFS, desenvolvedor de ERP da Suécia, me apresentou uma pesquisa recente feita pela IFS com 281 gestores da indústria. Para resumir, o estudo mostra que os gestores estão muito longe de querer e de realmente usar grandes (e caros) sistemas corporativos (como ERP e CRM) se a interface da aplicação for difícil. E eles esperam ter acesso a informações corporativas no momento em que precisam usando seus equipamentos iOS ou Android ganhando acesso remoto aos sistemas da empresa.
Mostrando certa ironia, a IFS nomeou a apresentação da pesquisa como “ERP quer dizer ‘Excel Runs Production’?” referindo-se a uma tendência dos gestores – especialmente os mais jovens – de contornar os grandes sistemas da cooperação usando um atalho formado por planilhas e aplicativos baseados na nuvem para executar suas atividades. A impressionante quantidade de 75% dos gestores de todas as idades confessou usar ferramenta open source ou planilha – ou até mesmo simplesmente não usar o sistema – se a interface é difícil ou complexa.
O estudo da IFS mostra que existe dislexia entre a forma como o software atua na vida pessoal dos funcionários e é usado nas empresas. “Aqueles que usam Facebook, Amazon, Orbitz ou outra funcionalidade on-line que é inteiramente intuitiva podem ter muita dificuldade em entender por que é muito mais complicado usar recurso de software corporativo para disparar uma ordem de serviço ou acessar dados importantes para avaliar performance”, diz o estudo.
Mais surpreendente, a pesquisa mostra que os gestores estão ainda menos propensos a aceitar um emprego em nova empresa se ela não usa apps baseadas em cloud computing e se eles não podem conectar seus equipamentos pessoais aos sistemas corporativos do novo emprego. Aprofundando, mais de 30% dos gestores (o número aumenta entre os mais jovens) dizem que tendem a mudar de emprego se o software da empresa em que trabalham é muito difícil de usar.
Além disso, os gestores atuais esperam trabalhar em horários não convencionais – até mesmo nas férias. Isso quer dizer que esperam poder acessar dados da empresa usando iPhones, iPads, ou smartphones e tablets com Android. Eles não vão carregar um notebook e estão ficando cada vez mais frustrados pelas limitações (incluindo apps insuficientes) dos BlackBerrys.
Nos velhos tempos, TI poderia “chicotear” esses transgressores e colocá-los na linha. Bastaria ligar para o CIO, que ligaria para o CEO, e o gerente “cowboy” seria colocado nos trilhos, obrigado a fazer as coisas do jeito que a TI ditasse e desenhasse. O problema é que hoje o insurgente é muitas vezes o próprio COO, CFO ou CEO. Não tem nenhuma chance de o CIO reclamar de não adesão às políticas de TI quando executivos, seus companheiros de diretoria, são os primeiros a quebrar as regras e a exigir acesso mais simples.
TI atravessa um tempo de mudança radical do mercado. Sua velha fonte de poder sobre os usuários – ser a única provedora de tecnologia – está rapidamente esvaziando. Ainda assim, da TI se espera que seja capaz de extrair valor para os negócios a partir de sistemas corporativos de alto custo. A menos que a TI se mova rapidamente para implementar camadas de serviços que façam tais sistemas acessíveis da forma como os usuários querem, os CIOs podem esperar um declínio no uso dos sistemas antigos e mais cortes nos seus orçamentos.
Os vencedores de hoje estão ampliando a performance dos negócios ao fazer aplicações corporativas acessíveis: móveis e fáceis de usar. Departamentos de TI lentos em fazer isso acontecer vão ver suas empresas se debaterem com dificuldade para competir com concorrentes mais ágeis.
Adam Hartung é consultor especializado em inovação e autor do livro “Create Marketplace Disruption”. Atualmente, é diretor da Spark Partners. Atuou como executivo senior em empresas como Computer Sciences Corp., DuPont e PepsiCo. AdamHartung.com.
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FONTE: IDG NOW