Até 2015, a Intel espera acelerar seu crescimento na América Latina, onde o mercado de consumo de PCs continuará em alta. E onde a empresa enxerga também grandes oportunidades nos mercados de servidores e de sistemas embarcados, principalmente no Brasil, que já responde por mais de 40% do faturamento na região, com taxas anuais de crescimento acima da média dos demais países.
"O Brasil precisa investir em infraestrura, o que nos abre muitas oportunidades através de projetos nos quais a tecnologia complemente e ajude a tornar mais eficazes os investimentos feitos", explica Steve Long, diretor-geral da Intel para a América Latina, em entrevista durante o Editor s Day, encontro da companhia com jornalistas, realizado este fim de semana no Brasil.
Como exemplos, ele cita acordos que serão anunciados nos próximos dias: um no Rio de Janeiro, resultante da parceria da empresa com a Petrobras, outro com operadoras de telefonia. "Se estivéssemos conversando antes do Natal, eu já poderia falar desses projetos mais abertamente", afirma Long, lembrando que vários deles ajudarão a empresa a abrir portas para geração de novos negócios nas áreas de servidores e storage.
É com projetos de referência como esses que a Intel Brasil espera fomentar a formação de ecossistemas capazes de atender às demandas do País, levando em conta, especialmente, a realização de grandes eventos como as Copas da Confederação e de 2014. Ecossistemas esses formados por fabricantes de hardware dedicados, software e prestadores de serviços que levarão mais inteligência para os sistemas machine to machine, por exemplo, a serem implantados através de novas formas de conectividade (LTE, mesh, e variantes) aumento na penetração de sensores e cada vez mais serviços e aplicativos baseados na nuvem.
"Estamos falando de oportunidades não só junto aos construtores e gestores da infraestrutura física - portos, aeroportos, estradas, como também da infraestrutura virtual - as redes de comunicação e os data centers", explica o executivo.
Não à toa, desde que assumiu a presidência da Intel Brasil, Fernando Martins, vem redesenhando a estrutura organizacional da empresa para ampliar seu foco de atuação, antes muito focada no consumo de PCs.
"Uma das divisões criadas está encarregada do relacionamento com as empresas de telecomunicações, com quem temos grande sinergia", diz Martins. "Somos canais para elas e vice-versa", ressalta o executivo. E não só na área de banda larga, no mercado de consumo, com a venda de dispositivos móveis e o fomento ao modelo de negócio pré-pago para acelerar a oferta de conectividade, mas também através da comunicação máquina a máquina e máquina a pessoa, para redes de sensores, medidores inteligentes, gerenciamento de dispositivos e controle de acesso.
O governos, por exemplo, devem adotar nos próximos anos uma infinidade de dispositivos para coletar dados de trânsito, através do rastreamento de veículos e consolidá-los de volta em soluções de cloud computing. O mesmo vale para o comércio e para diferentes ramos industriais e econômicos, como as áreas de saúde e de petróleo & gás. "Os mesmos sensores usados para monitorar plataformas podem ser usados em aplicações médicas", diz Rogério de Paula, ph.d. à frente da área de Inovação e pesquisa da Intel Brasil, que coordena a ação da companhia junto a universidades brasileiras.
A Intel acredita que os grandes eventos, o amadureciemnto do mercado brasileiro e a popularização da banda larga móvel vai tornar as comunicações M2M (machine to machine) parte estratégica das operadoras para incrementar a venda dos pacotes de dados. E, no fim do dia, com a massa de dados geradas, incrementar a venda de servidores e de storage.
Depois da plataformas de referência, as provas de conceito
Já que a Intel não vende diretamente, um dos focos para promover a inovação no País e gerar novos negócios é a transferência de tecnologia. E isso se dará no Brasil de três formas: o trabalho direto com os fabricantes de equipamentos, a atuação junto aos canais de distribuição e a implementação de formas de conceito junto aos usuários finais, para que conheçam bem as características e os benefícios de uso das tecnologias Intel para os respectivos segmentos, nas áreas de hardware e software e pensem em adotá-las através dos fornecedores licenciados.
Vamos pegar o exemplo do controle de acesso na Copa das Confederações. A Intel atua junto ao fabricante da catraca, ao fabricante dos servidores, ao fornecedor da solução de armazenamento mas, sobretudo, junto aos comitês criados para decidir os investimentos a serem feitos.
A atuação junto aos fabricantes é a forma tradicional. Já o fomento de soluções probtas através de novos canais de produção não chega a ser uma novidade em se tratando de Intel Brasil, mas será intensificada. Nesse momento, a empresa faz um road show com a Accept para venda de soluções de storage para pequenas empresas. A Iomega, a EMC, a HP e muitos outros fornecedores de storage usam tecnologias Intel, como processadores e placas para servidores.
"A penetração de mercado da Intel em storage para soluções de grande porte é muito grande. Mas quanto menos funcionalidades a solução tiver, como acesso remoto, compartilhamento de dados, e fica só em armazenamento de dados, sem exigir muito poder de processamento, menor a participação da Intel. Mas como o mercado está caminhando para soluções usadas em ambientes de cloud...", comenta Américo Tomé, Diretor de Marketing para Sistemas Embarcados.
A Accept também fechou um acordo com outras duas fornecedoras de soluções Intel para automação comercial, de hardware e de software, para sinalização e para terminal de ponto de venda, já disponíveis no mercado brasileiro. A automação comercial é um dos mercado prioritários para a área de sistemas embarcados da Intel Brasil, por seu grande potencial de crescimento.
Não tão comum por aqui é a atuação direta no usuário final, para a promoção e financimento das provas de conceito, que implementam soluções baseadas em tecnologia Intel. Delas, surgem casos de sucesso que funcionam para promover as mesmas soluções no mesmo segmento de mercado, ou segmentos afins. "A intenção é provar que os conceitos defendidos pela Intel funcionam", comenta Américo.
Em alguns casos, a Intel chega financiar todo o investimento para comprovar que o que ela está falando com bases em experiências realizadas em outros países também funciona aqui.
As provas de conceito são muito uadas pela empresa para acelerar a adoção de determinadas tecnologias. No Brasil, a Intel fez várias, no segmento de educação. Daqui saíram várias soluções implementadas no ClassMate PC, o notebook educacional vendido para o projeto Um Computador por Aluno, do governo federal, replicado agora nos etsados. Pernambuco acaba de anunciar uma grande licitação para compra ClassMates conversíveis, que funcionam também como tablets. E já tem um modelo de tablet capaz de atender à futura licitação do Mec para dispositivos que servirão à distribuição de conteúdo didático.
FONTE: Computer World