Mais do que conexão e à internet, a TV inteligente promete ao usuário uma nova experiência, em que interatividade e compartilhamento de arquivos definem o consumo de vídeos, textos, músicas, jogos, entre outros conteúdos e aplicativos. Mundialmente, estima-se que 11% dos televisores já estejam conectados, participação que deve saltar para 43%, em 2016. Quando considerado o conceito de smart TV, essa proporção alcança os 6%, atualmente, com a previsão de chegar a 20%, no mesmo período – estes números oscilam ligeiramente de uma fonte de pesquisa a outra. O debate ocorreu durante o TV.Apps, seminário dedicado ao tema e realizado nesta terça-feira (08/11), em São Paulo.
Parece haver consenso de que a nova era dos televisores traz um horizonte largo de oportunidades de negócios para os desenvolvedores de software – na opinião de alguns, elementos-chave para impulsionar esse novo mercado -, no entanto, o alcance da plataforma depende do ajuste de alguns pontos cruciais, entre eles a expansão da banda larga, o desenvolvimento de hardware que suporte a navegabilidade pelos novos recursos da TV conectada e a elaboração de modelos de negócios mais atrativos. “O setor ainda é fechado, bastante resistente a mudanças, ao contrário da internet, que dispõe de vasto conteúdo gratuito, por exemplo”, diz Salustiano Fagundes, CEO da HXD, empresa focada na criação de aplicativos para smartTV.
Terence Reis, diretor de operações da Pontomobi, empresa com quatro anos de operação e dedicada ao desenvolvimento de aplicações multiplataformas, “ainda não existe um padrão de usabilidade para a TV, a experiência dos aplicativos é limitada e a mudança desse cenário depende da evolução do ecossistema”. Um ponto de vista compartilhado por Rafael Cintra, gerente de TVs da Samsung. “Os esforços devem estar voltados à criação de um ecossistema aberto, para que todos, entre estúdios, emissoras de TV, operadoras, fornecedores e desenvolvedores, possam participar,trabalhando em conjunto para melhorar esses ambiente e transformar isso em negócios.
Apesar dos obstáculos a serem superados pelo setor, os números são de impressionar qualquer empreendedor. No Brasil, 1 em cada 5 TVs já são conectadas; 22% das telas planas vendidas já têm função de conectividade. Nos Estados Unidos, a expectativa é de que metade dos lares já tenha pelo menos um televisor inteligente até o Natal.
Fagundes, da HXD, menciona ainda números da Global Entertainment & Media Outlook para corroborar o otimisto em relação a tal frente de negócios: existem 4 bilhões de telespectadores do mundo (mais do que usuários de internet e celulares somados). O gasto dos consumidores com conteúdos digitais crescerá, em média 17%, ao ano, sem contar que o tráfego de internet no Brasil deverá aumentar 56%, anualmente, de 2010 a 2015 (aumento de nove vezes), de acordo com dados da Cisco.
“Existe uma curva de aprendizado, mas é um mercado muito grande em termos de volume e de intenção de faturamento”, afirma Milton Neto, gerente-geral da unidade de smartTV da LG para Américas do Sul e Central, que aponta venda de publicidade (o primeiro case da LG no molde de patrocínio foi estabelecido com o Bradesco), assinatura, transacional e a comercialização dos aplicativos como os principais modelos de negócios para a TV conectada.
Segundo o executivo, a fabricante possui 10 desenvolvedores parceiros, hoje, no Brasil. Para atrair os parceiros locais, tem investido em prover documentação e suporte local, bem como destacar a importância do desenvolvimento de aplicativos em português. Ele afirma que a participação do segmento no negócio da LG ainda é incipiente, mas que smart TV e 3D são as grandes apostas da companhia, atualmente.
“A TV ainda é a tela mais importante da casa. Nessa primeira fase, todo o mundo está de igual para igual, o que diferencia é o conteúdo e a experiência oferecida ao usuário”, ressalta Neto, que alerta para o papel dos desenvolvedores nesse contexto: “E porque desenvolver aplicativos se existe o browser? Porque são experiências diferentes do ponto de vista do usuário. A usabilidade e o layout diferem bastante entre PC e televisão”.
FONTE: IT WEB