Poucas atividades ganharam tanto espaço dentro das companhias de capital aberto nos últimos anos como a de relações com investidores (RI). Com o fortalecimento do mercado de capitais e o avanço na adoção das melhores práticas de governança corporativa, as áreas de RI tornaram-se o principal elo entre a administração da empresa, os acionistas e os demais públicos estratégicos.
Na posição de porta-voz da companhia, a área de RI tem o papel não apenas de comunicar, mas também de fazer uma avaliação crítica das informações que serão transmitidas ao mercado. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determina que todos os investidores individuais e institucionais tenham acesso democrático às informações, de forma simultânea e com a mesma qualidade, independentemente dos canais utilizados. Cabe ao RI usar a linguagem mais apropriada a cada público, para que a comunicação seja compreendida por todos.
De acordo com o artigo 45 da Instrução 480/09 da CVM, o diretor de RI é o principal responsável pela prestação de informações ao mercado, mas isso não isenta a responsabilidade dos demais administradores. Esse princípio vale tanto para as informações periódicas — como as demonstrações financeiras anuais e trimestrais e o Formulário de Referência (uma espécie de ficha cadastral da companhia) —, quanto para atos sem periodicidade, como a celebração de um acordo de acionistas ou uma aquisição.
CARA A CARA COM OS INVESTIDORES
Existem várias formas de uma companhia se comunicar com seus investidores e outros participantes do mercado. Reuniões públicas, individuais, teleconferências e internet são algumas delas. Cada um desses veículos atende a uma demanda específica, porém todos têm a mesma meta: aumentar o nível de informação e transparência que a empresa fornece.
REUNIÕES PÚBLICAS
Funcionam como uma espécie de prestação de contas aos analistas de mercado e investidores, com explicações detalhadas sobre os resultados e as principais iniciativas da companhia. Mudanças estratégicas, criação de novos produtos ou serviços, tendências de mercado, ações de sustentabilidade, questões regulatórias, política de distribuição de dividendos e perspectivas futuras do negócio são alguns dos temas abordados.
Esses encontros são um canal importante para que acionistas minoritários e analistas possam fazer perguntas ou questionar as informações apresentadas diretamente aos profissionais de RI, à diretoria da organização e, algumas vezes, ao próprio presidente.
As reuniões públicas podem ocorrer por iniciativa da empresa (através da diretoria de relações com investidores) ou por intermédio de instituições financeiras e entidades do setor, como a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) e o Instituto Nacional de Investidores (INI). As mais comuns e conhecidas no mercado são as reuniões da Apimec, entidade criada em 1988, com atuação em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e nas Regiões Nordeste e Sul.
A CVM e os manuais de boas práticas de governança recomendam que essas reuniões sejam feitas pelo menos uma vez por ano. A Apimec atribui, inclusive, um selo de assiduidade às organizações que promovem reuniões abertas a todos os investidores, analistas e demais públicos interessados. As empresas de maior porte costumam realizar várias delas, geralmente em cidades e estados diferentes, para abranger um número maior e mais diversificado de investidores. Ainda assim, a concentração desses eventos no eixo Rio-São Paulo é grande. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) em parceria com a Fipecafi (instituição ligada à Universidade de São Paulo, a USP) mostra que 72,3% das reuniões com analistas ocorrem nos estados de São Paulo (52,7%) e Rio de Janeiro (19,6%).
REUNIÕES INDIVIDUAIS
Também conhecidas como reuniões restritas, elas são organizadas tanto pela própria empresa, sob demanda dos investidores, como a convite de bancos de investimento nacionais ou estrangeiros, no caso de companhias com atuação em bolsas internacionais.
Nessas reuniões, os investidores podem esclarecer, pessoalmente, suas dúvidas com o profissional de RI, que deve tomar cuidado para transmitir apenas informações públicas. Caso algo novo seja revelado, ele precisa comunicar o fato imediatamente aos órgãos reguladores, às bolsas de valores em que os papéis da empresa são negociados, ao mercado em geral e, ainda, publicar a informação no site da companhia. Os porta-vozes da empresa têm o direito de se manter em silêncio sobre dados que não sejam públicos e de não responder a perguntas capciosas.
Como ocorrem de acordo com a necessidade e a demanda das partes interessadas, não há regras sobre a periodicidade para a realização desses encontros. De acordo com a pesquisa Ibri/Fipecafi, 35,5% das empresas de grande porte realizam mais de três reuniões semanais com investidores.
TELECONFERÊNCIAS E VIDEOCONFERÊNCIAS
A tecnologia tem sido uma grande aliada das companhias nas divulgações de resultados e reuniões com públicos estratégicos. Cada vez mais, as áreas de RI têm apostado no uso de teleconferências e videoconferências por meio da internet (“webcasts”) para se comunicar com investidores, jornalistas e analistas de mercado. Além de ser uma forma rápida de transmitir a informação e com custo reduzido, o formato permite que investidores de qualquer localidade participem do evento em tempo real. E quem não pode acompanhar tem a possibilidade de, posteriormente, acessar o material no site da empresa.
O Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao Mercado (Codim), formado por representantes das principais instituições do mercado de capitais, recomenda que as teleconferências e os webcasts sejam públicos e divulgados amplamente e com antecedência. Caso a companhia realize teleconferência ou webcast em qualquer outro idioma, a sugestão do Codim é que a empresa ofereça no site, o mais rápido possível, a transcrição completa da apresentação para o português, inclusive a sessão de perguntas e respostas. O tempo das teleconferências também deve ser administrado para que todas as perguntas possam ser respondidas.
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FONTE:
Revista Capital Aberto