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N o t í c i a s

31/8/2011
Rede 4G no Brasil só deve chegar em 2013
O aumento no consumo de dados pelos brasileiros pode acelerar a implementação de conexões banda larga móveis de alta velocidade no país. Porém, com muitas cidades ainda enfrentando problemas com o atual 3G, a evolução natural à tecnologia 4G deverá levar alguns anos para chegar ao Brasil.

Segundo dados da consultoria Teleco, as operadoras ainda adotam estratégias diferenciadas na implementação do 3G no Brasil. A Vivo é que a mais investe na expansão dessa tecnologia e oferece cobertura em 1448 cidades brasileiras. Em contrapartida, suas principais concorrentes, Claro (cobertura 3G em 411 municípios), TIM (250 municípios) e Oi (211 municípios), apostam na cobertura em capitais e grandes cidades.

A expectativa média do mercado de telecom é que a realização de eventos de grande porte no país, como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas do Rio em 2016, acelere os investimentos das teles em redes móveis de quarta geração.

Para isso acontecer, no entanto, será necessário que a Anatel, agência que regula o setor, determine quais faixas de frequência poderão ser exploradas pelo 4G. Projetos de redes móveis no padrão LTE (Long Term Evolution) e com tecnologia WiMAX, ambos chamados de 4G, ainda aguardam a definição de regras pela Anatel, como por exemplo a liberação de novas faixas de frequência.

Segundo a agência, um leilão de faixas de 2,5GHz (que serão utilizadas para projetos de LTE) está programado para abril de 2012. Se confirmada a data, as operadoras precisariam de pelo menos seis meses para iniciar a construção de redes 4G no país. Para a maior parte dos especialistas, a tecnologia LTE aparece como a melhor opção para as operadoras, pois é considerada a evolução natural do 3G, exige menor volume de investimentos e pode trabalhar em uma faixa de frequência (2,5GHz), mais baixa que o WiMax (3,5GHz), o que garante um espectro maior para as teles.

Já a tecnologia WiMAX deveria ser implementada em faixas de 3,5 GHz, o que gerou reclamações das emissoras de TV. As redes de televisão reclamam que o uso dessa faixa causará interferência em antenas parabólicas.

“A operação dos sistemas de banda larga WiMAX teria um altíssimo potencial de interferências sobre a recepção por parabólicas em banda C, tanto as profissionais, como as domésticas. No Brasil há milhões de pessoas que têm na parabólica em banda C sua única forma de ver TV, e elas seriam as mais prejudicadas. Entretanto, agora que a Anatel já dispõe de relatórios que demonstram esse problema (interferência), ela certamente tomará as devidas providências para garantir que ele [leilão] não se concretize”, afirma Liliana Nakonechnyj, diretora de Engenharia de Transmissão e Afiliadas da Rede Globo.

Essa informação, no entanto, é contestada pelos desenvlvedores da tecnologia WiMAX, como a Intel. Para a empresa, as TVs devem investir mais em transmissão digital e em redes analógicas de qualidade, dispensando os consumidores de precisar recorrer a uma parabólica para ver TV aberta, algo que deveria ser grátis. A Intel afirma ainda que há no Brasil um risco de “apagão de dados” caso novos leilões de faixas de frequências não aconteçam, privilegiando o interesse das TVs em detrimento da banda larga.

“O problema mesmo são as parabólicas que não possuem nenhum tipo de regulamentação de sinal. O correto [por lei] é o cidadão receber em casa gratuitamente o sinal de TV por uma via terrestre distribuído pelas emissoras em 700 MHz. Mas a existência de parabólicas contradiz justamente isso e expõe que em nosso país muitos ainda necessitam pagar para obter um sinal de rede aberta”, aponta Emilio Loures, diretor de assuntos corporativos da Intel Brasil.

Apesar das pequenas diferenças técnicas entre o LTE e o WiMAX, como por exemplo as taxas de upload e download, esses não são os aspectos decisivos para as operadoras. O que pesa para essas empresas é o modelo de negócios mais viável.

“A indústria tradicional de celulares que apoia o LTE quer assegurar seus lucros. Os novos participantes que optam pelo WiMAX querem espaço para negociar em um ambiente mais aberto. É notável que o WiMAX tem mais tempo de mercado que o LTE. Uma prova disso é que há mais de 500 implementações desta rede em todo o mundo. Devido ao modelo de negócios, no entanto, a maioria das operadoras em todo o mundo está optando pelo LTE”, explica Carlos Cordeiro, membro sênior do IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers).

De qualquer forma, o uso dessas tecnologias exigirá a implementação de toda uma nova infraestrutura de rede, o que poderá levar tempo para ser feito. Isto ocorre porque o 3G tradicional possui uma estrutura de voz e dados (em velocidades de até 7 Mbps) totalmente distintos do 4G, que exige uma nova topologia multimídia e de entretenimento para alcançar velocidades de até 100 Mbps. Ou seja, é preciso trocar praticamente todos os equipamentos de uma rede 3G para fazê-la funcionar nos padrões do 4G.

E esse poderá ser o principal empecilho para uma larga adoção do 4G no Brasil, se considerarmos que a rede 3G, que existe desde 2008, tem apenas 14% de penetração no país. Embora ainda esteja dentro da média continental (a América Latina tem uma penetração média de 10%), na Europa, por exemplo, as taxas são superiores a 20%, dependendo do país, segundo dados da consultoria 4G Américas.

“Achamos que para o Brasil poder pensar em 4G é preciso que as operadoras comecem, antes, a implementar o HSPA+, porque a mesma rede de transmissão de backhaul utilizada pelo LTE é necessária para o HSPA+. Isto ajudaria na transição para o 4G quando o leilão da Anatel fosse promovido”, afirmou Erasmo Rojas, diretor da 4G Américas para a América Latina e Caribe. Na prática, o diretor propõe que as teles já iniciem o investimento em uma tecnologia intermediária (o HSPA+), ficando aptas a migrar para o 4G.

O backhaul é a infraestrutura de rede de suporte do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC), para conexão em banda larga, que interliga as redes de acesso ao ponto que faz a conexão (backbone) da internet brasileira com o exterior.

O upgrade do atual 3G para o HSPA+ seria ideal para operadoras que já utilizam o padrão WCDMA, afinal são tecnologia compatíveis. A utilização do HPSA+ exigiria uma capacidade adicional na rede backhaul (pois a tecnologia trabalha com velocidade de até 21 Mbps), mas já seria possível tirar proveito desta melhoria em telefones compatíveis com 3G.

No Brasil, a Vivo é a única operadora que possui rede 3G 100% compatível com HSPA+ e afirma que pretende expandir essa rede para até 2832 cidades ainda este ano (cerca de 85% do território nacional). Mas, segundo a empresa, o principal problema para essa expansão é justamente a ampliação do backhaul atual, o que também é um empecilho para o 4G.

“Estamos reforçando esse backhaul nas cidades e também toda a parte do backbone nacional, inclusive com a parceria das outras operadoras, com a ampliação da rede de fibra óptica, para permitir trazer todo o tráfego de dados até os principais pontos de interconexão de saída de internet. E essa mesma base utilizada para o 3G também servirá ao 4G, que terá de ter um reforço maior de capacidade, mas a estrutura da rede já está sendo preparada para esta demanda”, afirma Leonardo Capdeville, Diretor de Tecnologia e Planejamento da Vivo.

Além disso, outro problema para uma larga expansão do 4G no país é a falta de aparelhos compatíveis com esta tecnologia. O único modelo disponível no Brasil com estas características é o Motorola Atrix, porém devido a falta de regulamentações desta tecnologia por aqui, o smartphone não está habilitado para conectar-se ao LTE.

De acordo com os especialistas, em 2013, quando teriam início os investimentos no 4G, as primeiras cidades a receber essa infraestrutura seriam as principais capitais e subsedes da Copa do Mundo, pois esta é a estratégia do governo e das operadoras em sanar os gargalos com transmissão de dados já encontrados em muitos desses locais onde o 3G já não dá mais conta.

“Acredito que, assim como aconteceu nos Estados Unidos, inicialmente o 4G vai ser usado mais nos pequenos modems para desafogar a rede 3G. Primeiro, as pessoas compram modems 4G para usar em seus notebooks. Só depois é que começam a se popularizar smartphones compatíveis com a nova tecnologia”, afirma Eduardo Tude, presidente da Teleco.

Assim como os aeroportos, as estradas e os projetos de mobilidade urbana, as redes 4G seguem em compasso à espera da Copa.

FONTE: Info Abril


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