Autor: Marcelo Piuma
Época de crise sempre é uma grande oportunidade para empresas criativas e que não se abatem facilmente. Ter uma equipe resiliente é fundamental para esse momento. Nessas horas, surgem boas ideias e voltam antigas. Uma delas é o cloud computing, pois é sempre visto como redução de custos e/ou investimentos.
Nos EUA o desafio para implantação de soluções na Nuvem é a energia e no Brasil é a infraestrutura de TELECOM. Sempre que nos deparamos com projetos de cloud a pergunta é sempre a mesma, como ficarão os custos com links? Como será a experiência dos usuários com a migração dos sistemas para uma rede hibrida WAN / LAN?
Não são perguntas simples, pois não podem ser respondidas apenas no domínio financeiro. Se fizermos uma conta de “padaria” provavelmente manter no ambiente interno será mais barato, mas se fizermos um estudo criterioso podemos encontrar uma resposta diferente.
Existem custos “ocultos” do ambiente tecnológico interno: capacity planning é um deles. Qual empresa de médio porto tem realmente sua capacidade de processamento mensurada? Qual o custo de ampliação do ambiente? Com qual antecedência o CIO consegue enxergar a necessidade de ampliação?
Ir para soluções de cloud computing pode ser muito vantajoso para empresas que tem grande necessidade de elasticidade de seu parque computacional. Empresas que aumentam e diminuem conforme projetos, por exemplo. Poder aumentar a diminuir o número de servidores ou seus “tamanhos” ao clicar de um botão é sem dúvida um grande aliado das finanças.
Infelizmente, não é apenas essas as variáveis que precisamos: que tipo de sistemas usamos? Quais os tamanhos médios de nossos arquivos do dia a dia? Qual o apoio da alta direção da empresa para migrar para a nuvem? Qual o preparo da equipe de TI para administrar um ambiente externo?
Sempre que o Brasil mergulha numa crise a TI é alçada como a solução de todos os problemas de CAPEX e OPEX como se tivéssemos uma varinha mágica.
A migração para um ambiente externo pode levar meses desde a escolha do parceiro, negociação, pré-projeto, projeto e o tão esperado dia do Go-Live. Provavelmente, o Brasil já saiu da crise e a TI perdeu o “sponsor” para o projeto. Parece brincadeira, mas não é. Já vi isso acontecer diversas vezes, não só com projetos de cloud, mas de muitos outros.
Temos por hábito acreditar que projetos de curto prazo são para esse mês, médio para uns 3 meses e longo para uns 6. Não bem assim que as coisas acontecem na TI, e em outras áreas, tenho certeza.
Só a escolha do parceiro é uma tarefa complexa, pois será um casamento longevo ou não valerá a pena.
Tudo que tratei até agora não tem a dimensão do que vem a seguir. O entendimento do que é “ir para a nuvem”.
Ir para a nuvem não é simplesmente migrar para um data center externo. Ir para a nuvem significa criar serviços para nossos usuários que possam ser “auto consumidos”.
O ERP precisa possuir funções acessíveis externamente sem a necessidade de complexos processos. VDI e outros meios de virtualizar desktop também. O RH precisa oferecer serviços e assim por diante.
Meu objetivo não é fazer com que desistam de seus projetos, mas que pensem neles como algo mais complexo do que economizar com o data center local.
Não existe resposta definitiva: ir para cloud é melhor que não ir ou vice versa. O que eu defendo é que seja feito um estudo muito detalhado e que inclua fatores muitas vezes deixados em segundo plano: licenciamento de software, manutenção, capacita planning, consumo de energia, refrigeração, suporte técnico, sobreaviso, plantão, processo de compras, custo de links, relacionamento com as operadoras e principalmente o entendimento que os serviços precisam também de adaptações e etc.
FONTE: iMasters