Autora: Carla Matsu
A presença feminina no mercado de TI é um assunto recorrente em eventos de tecnologia. Na Campus Party 2015 não foi diferente. Alguns dos palcos da oitava edição dedicaram espaço para discutir e inspirar uma nova geração de garotas para o empreendedorismo e o universo da programação.
Aos 23 anos, Camila Achutti, engenheira de software e programadora, endossa ou, melhor, pontua os tímidos números da presença feminina no mercado da tecnologia da informação.
Formada em Ciência da Computação pela USP, Camila lembra durante o evento que foi a única mulher de sua turma a concluir a graduação. Outras duas estudantes entraram para o curso, mas abandonaram no processo dele. Para Camila, o contexto não é lá muito amigável à mulheres.
Desistência elevada
“79% das mulheres que entram em cursos de tecnologia desistem no primeiro ano da faculdade. Não estamos sabendo lidar com essa barreira. Não temos um ambiente favorável para essas garotas se desenvolverem”, ressalta.
“Na diretoria das grandes empresas de tecnologia, 6% apenas têm presença feminina. Temos que trabalhar no quesito liderança e ascensão dessas mulheres”, completa.
Estimulada a engajar mais garotas que possam viver as mesmas dificuldades, Camila criou um blog para discutir o assunto. O “Mulheres na Computação” ganhou visibilidade e chamou a atenção do Google, que a selecionou entre outras 15 mulheres da América Latina para participar do Computer Science Academy, um programa de três meses na sede da companhia no Vale do Silício.
Durante mesa redonda na Campus Party 2015, Camila anunciou o desafio Technovattion Program, que neste ano tem apoio da Fundação Telefônica Vivo e Fundação Lemman. O desafio nacional integra um programa global, o Technovattion Challenge, espécie de concurso que tem como objetivo estimular meninas no mundo inteiro à programarem.
O programa está com inscrições abertas até o dia 28 de fevereiro e pode ser consultado no LINK (CLIQUE AQUI). Durante aproximadamente três meses, equipes de meninas – do Ensino Fundamental II e Ensino Médio do Brasil – receberão aulas sobre como programar, criar um aplicativo e a melhor forma de "vendê-lo". Todas as edições levam em conta o uso da tecnologia para resolver um problema social.
Na edição passada, uma equipe de Santos, São Paulo, representou o Brasil na etapa final, sediada no Vale do Silício, Califórnia. O aplicativo proposta conectava voluntários à instituições de caridade e foi batizado de SolidarieAPP.
Nathália Goes de Almeida, de 18 anos e estudante de Química, presente também na Campus Party, integrou o time que participou da semi-final.
Na época com 16 anos, Nathália não tinha entre suas pretensões aprender a programar. Hoje, ela fala com entusiasmo sobre a experiência e acredita que a programação pode fazer parte do dia a dia de qualquer profissão.
“Participar mudou muito a minha visão do que a gente é capaz de fazer. A experiência de ter ido para o Vale, de ter conversado com gente que eu achei que nunca conheceria... Eu nunca imaginei que conseguiria fazer um aplicativo, por exemplo. Mas fui atrás e consegui. Não é porque você é menina que não pode, não é porque você é nova que ninguém vai te ouvir. Então é isso que eu quero passar para essas novas garotas”, conta em entrevista ao iNOVA!Br.
Segundo Camila Achutti, a meta é convocar 2 mil meninas para o desafio. O programa prevê pitches e seleção no Brasil todo. Já a etapa final reúne nos Estados Unidos garotas de 45 países.
“Independente da carreira que você queira seguir, programação é o que o ensino de inglês foi há dez anos. Programação vai ser um diferencial e daqui a pouco vai ser um pré-requisito. Minha mensagem é para que essas garotas aproveitem essa oportunidade. Eu, por exemplo, descobri que a tecnologia era um meio de vida e que eu amava aquilo pra caramba. Mas você também pode descobrir simplesmente que é uma ferramenta, uma nova espécie de idioma que vai te abrir muitas portas”, convoca Camila.
FONTE: IDG NOW