Além de se encarregar de recolher o lixo nos estádios ao fim de cada jogo a que assistiram durante a Copa no Brasil, os japoneses também serão referência neste mundial no campo tecnológico - só para não fugir à regra.
A rede japonesa de TV NHK realizou no Rio as primeiras experiências em território nacional com a captação de imagens em 8K, que multiplica por 16 vezes a definição de imagem que a gente conhece como HD (High Definition, ou Alta Definição).
Tratada como "Ultra-High Definition", a tecnologia foi usada com aval da Fifa para a captação experimental de algumas partidas do campeonato de futebol e contou com apoio logístico da Globo.
Para os profissionais da rede brasileira, acompanhar e ajudar os japoneses nesse expediente serviu como aprendizado. O 8K, explica-nos a diretora de Engenharia de Transmissão da Globo, Liliana Naconechnyj, ainda está em fase de experimentos.
A Globo já vem realizando captação de vários programas em 4K, tecnologia que está pronta para realizar até transmissões diretas e multiplica o HD atual por quatro. "A Globo já começa a ter material gravado em 4K, até pensando no seu acervo para o futuro", disse ela. "É como o HD, que começamos a realizar bem antes das transmissões."
O Estado acompanhou uma das transmissões diretas em 8K, anteontem, durante o jogo entre Brasil e Alemanha, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio, ao lado de Liliana. Tratava-se de uma exibição fechada.
Já em 4K, a Fifa, aí com participação da Globo e do SporTV, autorizou a captação de três jogos nesta Copa - o terceiro e último será na final, domingo, no Maracanã.
Assinantes da NET que tenham tele visor compatível para receber as imagens e uma caixa codificadora (NET Ultra HD) poderão acessar a transmissão, por meio do canal 704, reservado especialmente para a ocasião.
Na escala de definição de imagens, o 4K, como sugere a numeração, é degrau inferior ao 8K que agora cumpre fase de testes, e vai antecedê-lo nas captações e transmissões do audiovisual no mundo todo.
Os registros da Globo em 4K, o que demanda a aquisição de câmeras específicas para tanto, também já servem à emissora para trabalhos de pós-produção que garantem efeitos especiais à edição final de imagens.
Assim como aconteceu com o padrão digital, o governo também terá de abrir espaço à parte para o 4K, a ser logo substituído pelo 8K, assim que os televisores começarem a ficar acessíveis ao bolso do consumidor. O processo, acredita a diretora da Globo, deverá ser mais rápido que a mudança do padrão analógico para o digital, dada a aceleração da própria tecnologia.
Hoje, um televisor que recebe imagens em 4 K custa em torno de R$ 13,5 mil. "Na Copa de 1998, quando víamos as primeiras imagens em HD, lembro que um televisor em HD começou com custo de R$ 150 mil."
Até em função da legislação e do espaço para transmissões, a TV por assinatura tem condições de levar as novas tecnologias com mais rapidez ao consumidor. Em 8K, o áudio das transmissões saltam dos atuais 5,1 canais para 22,2. As siglas de imagens, do 4 ao 8, que dão ao "K" uma denominação de "milhar", prometem atrair mais consumo que o 3D, sistema que não seduziu o espectador nos domicílios, como seduz no cinema.
As novas tecnologias também prometem exigir menos distância entre as telas grandes e os olhos do espectador. "À medida que os televisores vão avançando em ultra-alta definição, a distância da tela pode ficar menor. Hoje, uma tela de HD pede que sua altura seja multiplicada por três para se medir a distância ideal dela ao espectador. Com o 4K, essa distância cai pela metade", explica.
E para quem tratava o Full HD como parâmetro máximo de definição der imagens, saber agora que é possível multiplicar isso por 4 ou 16 não dá a sensação de que a tecnologia sempre estará a nos cobrar uma atualização? Nem tanto, explica Liliana. O 8K proporciona a definição máxima a ser percebida pelo olho humano, segundo as experiências pioneiras dos japoneses.
FONTE: EXAME Abril