Autor: Ron Miller, CITEWorld
A consultoria Gartner é conhecida por sua habilidade em identificar tendências de futuro e criar "buzzwords" (palavras da moda) para elas. Nesta semana, durante a realização do Gartner Symposium/IT Expo em Orlando, na Flórida, ela anunciou a nova tendência: o nascimento da era da Economia Industrial Digital (Digital Industrial Economy).
A nova definição para os próximos anos foi anunciada durante a abertura do evento feita pelo vice-presidente sênior do Gartner, Peter Sondergaard, para explicar a ideia de que todas as companhias, hoje, são empresas de tecnologia. Temos que nos preocupar com o poder do digital e a mudança fundamental que ele representa para os nossos negócios.
"Todo orçamento é um orçamento de TI. Toda companhia é uma companhia de TI. Todo líder de negócios está se tornando um líder digital. Toda empresa está se tornando uma empresa tecnológica. Estamos entrando na era da Economia Industrial Digital." Os profissionais de TI vão precisar prestar muita atenção a essa buzzword, porque suas ramificações são profundas e transformadoras em todos os aspectos.
A ideia de Sondergaard é que quando as tendências de mobilidade, social, big data e cloud desenvolvidas nos últimos anos forem utilizadas juntamente com sensores digitais presentes em todos os produtos que usamos, todos os prédios em que vivemos e trabalhamos e até mesmo nas roupas que vestimos, as empresas estarão imersas num mundo totalmente digital.
E isso é um fato que transcende as empresas de tecnologia e os departamentos de TI para tornar-se realidade para todas as empresas e todos os departamentos.
Por conta dessas forças, praticamente qualquer pessoa poderá criar uma ferramenta ou produto que poderá tornar-se disruptivo para um modelo de negócios. As empresas não podem simplesmente ficar sentadas e acreditar que o que quer que tenha funcionado no passado vai continuar a valer daqui para frente porque a velocidade da mudança é estonteante. E com ela a fronteira entre a TI corporativa e a TI de consumo deixa de existir.
Isso já começou com a chamada consumerização da TI. Na medida em que os usuários trazem seus dispositivos digitais e suas experiências pessoais para o ambiente de trabalho, eles exigem uma experiência corporativa semelhante à experiência pessoal. O resultado é uma linha cinzenta entre o que consideramos ferramentas corporativas e o que consideramos puramente consumidor.
"Digital é o negócio. E os negócios são digitais", afirma Sondergaard. Uma dinâmica similar à que já foi abordada pelo analista da Forrester, James McQuivey, em seu livro Digital Disruption, Unleashing the Next Wave of Innovation (Ruptura Digital, Liberando a Próxima Onda da Inovação). No livro, McQuivey argumenta que há toda uma nova geração de concorrentes que nasceram digitais e que fazem uso indiscriminado dos serviços de cloud encontrando formas de criar novos produtos rapidamente. Como diz McQuivey, qualquer companhia pode ser destruída pela concorrência digital.
Eles não se preocupam em fazer focus groups para criar um novo produto perfeito porque hoje os canais de mídia social fornecem toda a informação e feedback que necessitam da audiência e o modelo de interação rápida apoiado em tecnologias flexíveis de cloud os ajuda a responder rapidamente à demanda.
Ao fazer uma apresentação na conferência E2 em Boston, em junho passado, McQuivey usou o exemplo da escova de dentes. Como você reimaginaria uma escova de dentes num mundo digital? Bom, pra começar, colocaria sensores nela e coletaria dados sobre seus hábitos de escovação, os pontos que está deixando de cuidar, o tempo que gasta escovando etc. Esses dados poderiam ir direto para um repositório na nuvem ou você poderia compartilhá-los com seu dentista e ajudá-lo a cuidar melhor dos seus dentes. E esse é um exemplo pequeno e prosaico do que vem por aí.
E isso nos leva de volta à noção de Economia Industrial Digital que o Gartner está discutindo. Quando você imagina esses sensores em tudo que compramos e quando você pensa que mobilidade não tem a ver só com seu smartphone ou tablet, mas que pode ser encontrada em algum tipo de computação vestível que pode estar no nosso rosto ou nas nossas roupas, e você combina isso com os dados que estão sendo transmitidos no mundo pelos semáforos de trânsito e sistemas de aquecimento e máquinas de refrigerante - qualquer coisa e todas as coisas - você começa a ver como é inevitável que essas tendências tenham impacto em qualquer tipo de negócio, independente do que você venda ou faça.
Enquanto você pensa sobre isso - e você PRECISA pensar sobre isso porque o mundo está mudando na sua frente - considere esses números do Gartner:
- Em 2009 havia no máximo 2,5 bilhões de dispositivos conectados no mundo, combinando 1,6 bilhão de dispositivos e 900 milhões de sensores;
- Em 2020, o Gartner está prevendo que teremos 37,3 bilhões de dispositivos conectados, resultado da combinação de 7,3 bilhões de dispositivos e 30 bilhões de sensores;
Vamos combinar que é preciso olhar qualquer previsão de empresas de consultoria com uma boa dose de soro da verdade. Nesse caso, imaginando que só metade dos números do Gartner se realizem, ainda assim estamos falando de um número gigantesco de dispositivos conectados no mundo comunicando e compartilhando dados de formas que nem imaginamos ainda.
Sondergaard está correto em dizer que "nosso mundo pessoal e a Internet das Coisas estão colidindo e essa colisão vai ter um impacto profundo em como nós fazemos negócios". Essa mudança vai criar novas empresas e novas eficiências que vão agregar valor a todos os processos. Obviamente o Gartner tem um número aqui também: a empresa prevê que haverá um ganho líquido de US$ 1,9 trilhão como resultado da influência da Internet das Coisas na maneira de fazer negócios.
Se o Gartner está correto, estamos à beira de uma mudança gigante. Já começamos a ver os primeiros sinais dessa mudança na forma da ruptura digital, consumerização e BYOD, mas o que está vindo aí conforme crescemos cada vez mais digitais vai alterar para sempre o jeito de fazer negócios e você precisa pensar nisso hoje, porque 2020 não está tão longe assim.
FONTE: CIO UOL