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N o t í c i a s

17/12/2013
O trabalho do futuro é portátil

O escritório está se adaptando a um novo tipo de trabalho, no qual comunicação, criatividade e inovação são tão importantes quanto eficiência. "Esses ambientes refetem a compreensão de que um bom lugar para trabalhar precisa proporcionar conforto e qualidade de vida para que o profssional renda o máximo", diz o inglês Philip Ross, CEO da UnWork, consultoria de inovação no trabalho.

É assim que ele enxerga a vida profissional nos próximos anos. As novas tecnologias também permitem a superação de barreiras de tempo e espaço. O lugar de trabalho deixa de ser a sede da empresa para ser qualquer ponto da cidade — a sala de casa, um café ou um galpão de trabalho coletivo.

Essas transformações criam novos hábitos: com quem trabalhar, o que fazer no tempo livre ou onde se encontrar para uma reunião. As cidades também são reconfiguradas de acordo com as mudanças. "Trabalho é algo que se faz, não um lugar para onde se vai”, diz o arquiteto André Brik, de Curitiba, autor do livro Trabalho Portátil, e um dos especialistas que traçaram o mapa do trabalho do futuro que você confere a seguir.

Dentro do escritório

Escritório mais flexível

As empresas caminham para expedientes mais fexíveis. Mesmo indústrias baseadas em turnos, como Bosch e Volvo, já adotam horários alternativos. As hierarquias também passarão a ser mais moldáveis. Em vez de linhas de comando rígidas, os funcionários se organizarão em redes colaborativas. "Liberdade passa a ser uma condição para trabalhar bem”, diz Tennyson Pinheiro, da consultoria Live/Work, de São Paulo.

As pessoas trabalham de maneira diferente de acordo com sua personalidade, humor e necessidades. Cafés, salas silenciosas, espaços de reunião e lugares ao ar livre passam a ser locais de produção. Na sede do site de comparação de preços Buscapé, em São Paulo, há redes onde os funcionários podem trabalhar. No Google, também em São Paulo, um dos espaços preferidos é o terraço com vista.

Rodízio de mesas

Os profissionais não precisarão ir todos os dias ao escritório. Portanto, em vez de ser lugares fixos, as estações de trabalho serão ocupadas de maneira rotativa, o que economiza espaço e energia. Na Philips do Brasil isso já acontece. Lá, 80% dos funcionários mesclam trabalho remoto com presencial. Na Cisco, ninguém tem lugar fixo e há três vezes mais funcionários do que mesas — dois terços trabalham remotamente.

Tecnologia tudo em um

Em vez de um computador no trabalho e outro em casa, as pessoas terão apenas um equipamento. Um único telefone recebe as ligações pessoais e as profissionais. O aparelho Pligg, lançado no começo do ano por uma startup gaúcha, oferece um número fixo, mas dispensa linha telefônica, pois é usado via computador conectado à internet (apenas 28 Kbps de banda) e já tem 10.000 usuários.

Na cidade

Gestão de transporte

As empresas se envolverão com a gestão dos problemas de transporte urbano. Em 2013, o Banco Mundial desenvolveu um Projeto Piloto de Mobilidade com empresas de São Paulo, como Toyota, Hotel Hilton e WTC, que buscaram soluções como ônibus fretado, caronas, uso de bicicleta e horários alternativos de expediente. Em alguns estados americanos há leis que preveem esse tipo de responsabilidade para as empresas.

Sem precisar se deslocar até a empresa, o profissional ganhará tempo para trabalhar mais ou dedicar-se a outras esferas da vida. Pode, em tese, até trocar a noite pelo dia, criando seu turno da maneira que quiser.

O site Freelancer.com, que une profissionais autônomos e clientes, tem mais de 9 milhões de trabalhadores cadastrados no mundo todo. Por meio dele, você pode morar no Brasil e desenvolver um projeto para uma empresa na China.

Tecnologia como serviço público

A estrutura tecnológica se tornará uma questão pública porque o acesso à rede de qualquer ponto da cidade passará a ser fundamental para o trabalho. Seul, capital da Coreia do Sul, terá até 2015 uma rede Wi-Fi que cobrirá toda a cidade.

A prefeitura da capital coreana oferece 30.000 serviços públicos online, sendo que 17.000 deles permitem reservas e marcações de horário.

Empresa distribuída

Em vez de ocupar um prédio inteiro, as empresas manterão uma pequena sede e montarão centros espalhados pela cidade. O funcionário não precisará atravessar a cidade para trabalhar.

Nos Estados Unidos há incentivo fiscal para empresas que se distribuem pela cidade. São Paulo estuda adotar uma medida semelhante. "Pode sair mais barato do que investir em metrô", diz Silvio Meira, do Cesar, de Recife.

A interação social continuará sendo parte do trabalho. Portanto, frequentar escritórios de coworking, onde diversos profissionais se encontram, vem a ser vantajoso. Segundo pesquisa do site Movebla, 59,3% dos brasileiros que frequentam os mais de 100 espaços de trabalho coletivo do país estão lá pela interação com outros profissionais. Mais da metade dessas pessoas trocou o trabalho em casa pelo hub.

Vida de bairro

Em cidades que comportam empresas distribuídas em diversos centros e prédios, as pessoas poderão desfrutar mais da cidade em si. Passeios diurnos e almoço com a família não serão raros.

"O trabalho moldou o espaço urbano como um lugar em que as pessoas transitam, mas não vivem", diz Natália Garcia, criadora do site Cidades para Pessoas. "Mas já há movimentação em busca de mudar isso", diz.

Sem horário de pico

O trânsito diminuirá e as cidades se tornarão menos barulhentas e menos poluídas, pois a maior parte das emissões de carbono urbanas atualmente vem do transporte e dos prédios. Pode ser a solução para os horários de pico de A B-Society, que busca unir pessoas que gostariam de institucionalizar um horário alternativo de vida, está presente em mais de 50 países.

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FONTE: EXAME Abril


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