Autor: Miguel Ruiz
O mercado de Tecnologia da Informação exige atenção permanente, pois até mesmo tendências que parecem consolidadas podem mudar de um momento para outro, colocando em xeque investimentos de longo prazo. Com a globalização das empresas, o Brasil vive permanentemente a reboque do que acontece nos grandes mercados de tecnologia, especialmente os Estados Unidos e Ásia. E o que está acontecendo por lá neste exato momento, que possa impactar o que fazemos aqui?
Um estudo desenvolvido pela IPSoft e publicado na Revista Forbes aponta tendências importantes em tecnologia da informação, algumas já nossas conhecidas e outras até surpreendentes. Comecemos pela mais surpreendente: a morte do “offshoring”.
Para quem não está familiarizado com a expressão “offshoring”, trata-se da terceirização de atividades de TI em outros países, como Índia e China, por exemplo. Adotada já há algumas décadas por muitas empresas nos Estados Unidos e algumas poucas no Brasil, o “offshoring” começa a enfrentar problemas em função do aumento dos custos nesses países, agravados por oscilações cambiais drásticas, como as que estamos vivendo agora no Brasil. Mas também pelo fato de que a terceirização para empresas em países com culturas tão diversas como esses dois acarreta problemas de comunicação que fatalmente causam impactos na prestação de serviços. A redução da prática do “offshoring”, prevista como tendência, fatalmente acarretará o fortalecimento dos prestadores de serviços de TI internos ou locais, que dialogam com mais facilidade com as empresas que atuam em seu país.
Outra tendência virá com a entrada de tecnologias de inteligência artificial e reconhecimento de voz em processos de help desk. Com a crescente complexidade das estruturas de TI, o help desk, ou seja, o suporte para a resolução de problemas com o uso de tecnologia, tem sido uma atividade custosa para as empresas. O uso de tecnologias mais inteligentes nesse campo pode ajudar na resolução de problemas e redução dos custos dessa atividade. Curiosamente, o estímulo a um help desk mais automatizado e de menor custo pode vir justamente a partir das tecnologias de comunicação móveis, com o uso de aplicativos. É algo para se olhar de perto.
A terceira tendência mais significativa é a da automação. Para os norte-americanos, o termo preciso para isso é “rise of the machines”, ou as máquinas assumem o controle. As empresas buscarão automatizar tudo o que for possível, visando reduzir o impacto do erro humano nos processos de TI, bem como dos custos agregados. Para nós, do Brasil, essa é uma tendência onde há muito a conquistar, uma vez que impacta a própria produtividade dos trabalhadores do país. Hoje, um trabalhador brasileiro gera perto de 22.000 dólares por ano de riqueza. O americano, cerca de 100.000 dólares. Ou seja, são necessários cinco brasileiros para produzir a mesma riqueza que um americano. Essa desproporção está diretamente associada ao uso intensivo de tecnologia da informação. E se os norte-americanos vão investir mais em automação, podemos esperar que a produtividade deles seja ainda maior do que a nossa se deixarmos de investir em mais eficiência tecnológica.
Por fim, uma tendência que vai se consolidando é a da computação em nuvem. No entanto, como mostra o estudo da IPSoft, veremos uma mudança significativa do uso da computação em nuvem de atividades periféricas, como uso de e-mail, para atividades centrais, como sistemas de gestão empresarial, por exemplo, que deixaram o mundo interno das organizações para se alojarem em servidores externos, acessados pela web.
Essa tendência, no Brasil, ainda enfrenta sérios obstáculos quando consideramos a precariedade dos serviços de telecomunicações, com uma qualidade de banda larga limitadíssima, bem como dificuldades de acesso dos serviços de telecomunicações a regiões mais interiorizadas, justamente para onde estão migrando muitas plantas industriais.
FONTE: Administradores