Neste momento em que se comemora o aniversário de 40 anos do Ethernet, a Futurecom 2013 será uma boa ocasião para fazermos um balanço do quão longe chegamos e o caminho que ainda temos a percorrer.
Em 1973, vivíamos um mundo analógico; um mundo de mainframes construídos em hardware personalizado, sistemas operacionais e aplicativos customizados; mais de 300 tipos de modems, e redes com tecnologias proprietárias de alto custo de manutenção; tudo isto sem falar no controle totalmente centralizado. E a Internet, como nós sabemos, ainda estava para ser inventada.
Nesse nosso mundo passado, CAPEX e OPEX eram apenas conceitos – não uma realidade. Foi então que surgiu o Ethernet. Inicialmente, apareceu através da LAN (quem ainda se lembra de expressões como DECnet e Token Ring?). Mais tarde, espalhou-se pelo campus (alguém aí ouviu falar em FDDI?) e, finalmente, expandiu-se pela rede metro e pelas extensas WANs (se lembram do ATM?).
Em cada uma dessas mudanças, o Ethernet provou a sua valentia, no desempenho, confiabilidade e simplicidade, ao mesmo tempo em que reduzia rapidamente os custos. Houve sempre aquele grupo que apostou contra o modelo, mas hoje se vê claramente o quanto estas pessoas estiveram (ou estão) erradas.
Com o Ethernet definido como um modelo de transporte a toda prova, nossas redes alcançaram um verdadeiro ponto de inflexão. Ficamos, finalmente, livres para reinventar os serviços que corriam através da rede, mirando o padrão Ethernet como um convite à convergência.
Em pouco tempo, pusemos de lado o TDM e os tradicionais telefones de mesa, substituindo-os pela simplicidade do VoIP. Algumas empresas de rede surgiram, ricas e poderosas, ao largo dessa transição. Mas o fato é que muitos se perderam pelo caminho, como os data centers proprietários, os roteadores de core, as complexas e caras tecnologias de voz que resultavam na dependência a um fornecedor atávico, tal como acontecia com os mainframes há apenas uma geração.
Tudo isto não foi apenas promessa – e agora é novamente tempo de mudanças!
Olhando para a próxima década, constata-se que o Ethernet tornou-se uma camada de convergência universal. À primeira vista, a rede pode ser com fio ou sem fio, 4G ou 802.11ac. Contudo, no fundo, é tudo Ethernet. Hoje conseguimos, de fato, entregar a promessa máxima de performance e interoperabilidade, custo-efetivo e simplicidade.
Os fornecedores ainda presos a redes ultrapassadas, entretanto, não estão prontos para cumprir essa promessa. E eles não conseguem vencer o abismo. Persistindo nessa analogia, notamos que poucos fabricantes de mainframe, por exemplo, conseguiram concluir a travessia com sucesso, passando por minicomputadores, PCs e laptops, até chegar aos smartphones e aos tablets.
Hoje, no data center, e em breve, entre data centers, o Ethernet irá substituir tecnologias caras e fechadas, criadas para as redes de storage. No campus, o Ethernet fará convergir toda a sorte de aplicações e dispositivos para segurança física; enquanto, em termos broadcasting e mídias, novos protocolos, como o AVB (Audio Video Bridging), irão substituir várias tecnologias caras e obsoletas. Além disso, novas abordagens, como o SDN, serão fundamentais para garantir a abertura e interoperabilidade através de todos esses domínios. Isto favorecerá os fornecedores best-in-breed que estiverem melhor equipados para alavancar o mercado de soluções de silício e que ofereçam sistemas operacionais abertos e expansíveis, bem como serviços e aplicações de rede levem benefícios concretos à TI.
O Ethernet tornou-se estrutura open fabric universal, conectando todos os usuários, máquinas e aplicações e reduzindo o CAPEX e o OPEX para os departamentos de TI. Mas este não é o Ethernet do seu avô. Aquelas companhias que se sentarem na calma de seu canto, descansando calmamente sobre os louros do passado, estas não terão lugar no futuro.
Os vencedores são os vivos, os inovadores, os campeões da interoperabilidade, as empresas que conduzem o cliente ao sucesso e que entendem o TCO não apenas como uma sigla de três letras.
Dizem que a vida começa aos 40. Nesses 40 anos do Ethernet, o sentimento que nos assalta é de um novo vento da juventude. Toda a experiência e sucesso acumulados nos servirão de estímulo para inovar e deixar para as próximas gerações um legado de equilíbrio entre passo firme e ousadia.
Autor: Charles “Chuck” Berger é presidente e CEO da Extreme Networks
FONTE:
CIO UOL