Por JOSÉ SAAD NETO
Para quem trabalha na indústria do marketing e da comunicação, o Google é uma empresa de tecnologia. Inovadora, com faturamento anual na casa dos US$ 50 bilhões, transformou e inventou novos formatos de publicidade. Mapeou hábitos de consumo da forma como nenhuma outra empresa havia feito. Virou de cabeça para baixo a estratégia de agências e marcas.
Mas, para a maior parte da população do mundo, o Google é muito mais que isso. Ou melhor, o Google não é nada disso. Para os usuários em geral, Google sinônimo de serviço, enciclopédia, mapa e até de empresa dos sonhos para trabalhar. É verbo conjugado em todas as línguas. É substantivo para uma geração que desconhece a experiência da Barsa. É ferramenta que fornece respostas para quase todas as perguntas do planeta.
Ao completar 15 anos neste mês de setembro, a companhia fundada em 1998 por Larry Page (hoje CEO), Eric Shimidt e Sergey Brin numa garagem de carro em Menlo Park, na Califórnia, mostra o futuro conectado por meio de objetos. Com o Google, a realidade ganhará novos traços a partir de óculos que transportam o usuário à conexão sem necessidade do computador ou mobile. Sua plataforma de vídeos, o YouTube, permitiu que usuários comuns - a partir da geração de conteúdo proprietário - tivessem sua própria audiência. E que audiência. Só no Brasil, os visitantes únicos ultrapassam a marca dos 50 milhões, de acordo com dados da comScore.
A companhia é hoje parceira e concorrente de agências de publicidade. Ao mesmo tempo em que mantém áreas específicas para relacionamento com o mercado, assusta grandes grupos ao criar oportunidades de mídia antes inexistentes. As AdNetworks é uma delas. E grandes publishers, principalmente da mídia impressa, sentem o reflexo desse novo cenário em suas receitas.
Tecnologia Criativa
Ao longo desses 15 anos, o Google criou uma nova face para empresas de tecnologia e para os profissionais que nelas trabalham. O ambiente reconhecidamente frio até o início da década de 90 deu lugar a espaços descolados, coloridos, informais. Os profissionais também mudaram. Engenheiros dividem espaço com publicitários.
O gigante aposta na contratação de ex-diretores e presidentes de agência para compor seu time. É o caso de Andy Berndt, ex-presidente da Ogilvy Estados Unidos que chegou à empresa em 2003 para dirigir o Google Creative Lab. O espaço, instalado em Nova York, tem como missão imaginar e reimaginar a imagem do próprio Google. É um laboratório de ideias, campanhas e “maluquices”, de acordo com definição do próprio Andy.
Aqui no Brasil, nomes conhecidos de agências - Marco Bebiano e Gleidys Salvanha, por exemplo - compõem o time liderado por Júlio Zaghini com a tarefa de ajudar o mercado a entender produtos e serviços do Google. Isso porque, ao lado do Facebook, o Google passou a ser destino de boa parte das verbas publicitárias do País. No entanto, ambos não prestam contam de seus números, gerando ainda mais especulação sobre o tamanho do negócio. São muitos os analistas que apontam o Google como o segundo maior veículo do Brasil em termos de mídia, atrás somente da TV Globo.
Liderado por Fábio Coelho, o escritório local ocupa 9 mil metros quadrados que abrigam cerca de 400 funcionários. Inaugurado no início deste ano, tem decoração inspirada em tradicionais áreas da capital paulista, e ocupa três andares do prédio na avenida Fariam Lima. O espaço alterna ambientes abertos com salas de reunião que homenageiam a cultura brasileira – entre os nomes dados às salas estão MASP, Oscar Freire e Tapioca. O ambiente também tem alguns espaços temáticos, como uma sala que simula um “sítio”, com quatro redes para que os funcionários possam deitar. As mães que ainda estão amamentando, mas precisam trabalhar, têm um ambiente específico.
Muito mais que buscas
Em 2011, Google extrapolou ainda mais sua área de atuação ao apresentar um carro que dispensa motorista a partir da utilização de um software de inteligência artificial. Instalado num modelo de Toyota, o sistema já permitiu ao automóvel andar 500 mil quilômetros sem motorista.
Já em 2012, os olhos do gigante voltaram-se para o Glass, óculos de realidade aumentada que já foram experimentados por algumas dezenas de pessoas e empresas. Também no ano passado, foi apresentado o Fiber, projeto que levará ao cliente residencial internet mega-rápida (1GB) e conteúdo para TV digital. Os primeiros experimentos começaram a ser feitos na cidade de Kansas, nos Estados Unidos.
Mobile
O maior sistema operacional móvel do mundo é do Google. O Android foi adquirido pelo gigante em 2005 e, segundo dados da própria empresa, registra hoje mais de 1 milhão de novos usuários todos os dias. Plataforma aberta a desenvolvedores desde 2008, opera smartphones Samsung, HTC, Sony, entre outros tantos. Em 2010, o Google lançou o primeiro smartphone próprio – o HTC Nexus One. E em 2011, a Motorola apostou no primento tablet baseado no sistema.
Para o Google, mobile é uma das grandes apostas para o futuro. Os formatos publicitários para smartphones e tablets, assim como mecanismos de busca e geolocalização estão entre os pilares da companhia para crescer ainda mais e de forma sustentável, acompanhando o aumento da base de fabricantes e de usuários finais.
FONTE: Proxxima