Em algum momento da sua carreira, você vai precisar interagir com um profissional certificado, seja ele subordinado ou superior hierárquico.
Já notou como é difícil ou demorado conseguir um resultado ou produto (ou até uma informação) de um profisisonal certificado? Basta perguntar alguma coisa ou iniciar um novo projeto, e eles vão abrir WBS ou um BSC, questionários serão preenchidos e procedimentos serão iniciados.
Mas o que é certificação e qual o a sua utilidade? E por que os profissionais certificados parecem mais chatos e burocratizados do que os não-certificados?
Primeiro vamos entender melhor o que é certificação profissional.
A Wikipedia fornece a seguinte afirmação: “Certificação é a declaração formal de “ser verdade”, emitida por quem tenha credibilidade e tenha autoridade legal ou moral. Ela deve ser formal, isto é, deve ser feita seguindo um ritual e ser corporificada em um documento. A certificação deve declarar ou dar a entender, explicitamente, que determinada coisa, status ou evento é verdadeiro. Deve também ser emitida por alguém, ou alguma instituição, que tenha fé pública, isto é, que tenha credibilidade perante a sociedade. Essa credibilidade pode ser instituida por lei ou decorrente de aceitação social”.
Wikipedia diz ainda: “Certificado é um documento que comprova que o indivíduo fez algum curso ou esteve presente em algum lugar, porém, não possui o valor de mercado que possui o diploma. Certificado é o documento que corporifica a certificação”.
Traduzindo melhor: Certificação é a comprovação (através de um documento, no caso um certificado) de que um indivíduo esteve presente a um evento, treinamento ou que comprovou conhecimentos através de uma avaliação, e obteve grau igual ou superior a uma média pré-estabelecida, ou então para ambos, ou seja, que esteve presente a um curso, foi treinado em determinado conhecimento e no final, fez um exame (teórico e/ou prático), conquistando nota suficiente para ser aprovado. O certificado deve ter valor legal e sua autenticidade pode ser comprovada através de consulta.
De um modo geral, a certificação está ligada à padronização e à gestão da qualidade. Ela surgiu na indústria, em muitos casos devido à preocupação das empresas quanto à qualidade de seus produtos e serviços, maior credibilidade no mercado interno/externo e exigências ou barreiras técnicas para a realização de negócios.
Certificação profissional é um processo voluntário em que os indivíduos são avaliados diante dos padrões e normas predeterminados para conhecimento, habilidades e competências, e aos aprovados concede-se uma credencial válida por tempo determinado ou indeterminado.
Trata-se de um modelo restrito basicamente ao reconhecimento de competências para o exercício de uma atividade laboral. Pouco articulada à educação formal e programas educacionais (apenas pontualmente).
As certificações tem vários objetivos, desde pré-requisitos para contratação até capacitação de mão-de-obra para atividades em novos projetos. Elas são necessárias até para algumas empresas participarem de licitações públicas. A decisão pela escolha de uma certificação pode ser originada na empresa, por necessidade, ou então pelo profissional, por afinidade, oportunidades na empresa onde trabalha ou planejamento de carreira. O profissional certificado foi instruído sobre processos e procedimentos em relação a um produto, um serviço ou ambos.
Existem dois tipos básicos de certificação: Proprietárias e Não-Proprietárias.
Proprietárias: Oferece conhecimento, habilidades e competências, sempre buscando se referir a produtos/serviços de marcas específicas. Desta forma capacita e certifica o profissional em produtos e serviços específicos. Exemplo: Cisco, 3Com, Furukawa, etc.
Não-proprietárias: Oferecem conhecimento, habilidades e competências, sempre buscando referências em padrões e normas nacionais e/ou internacionais com total transparência a marcas e fabricantes. Nesse formato de certificação o conteúdo teórico e aplicações práticas são intensamente baseados em políticas, regulamentações, padrões e normas nacionais e internacionais, tais como: IEEE, WIFI Alliance, WiMax Fórum, ETSI, ZigBee Alliance, WLANA, FCC, ISO, WiMedia Alliance, CompTIA, Anatel, entre outros.
Quem pode ostentar um certificado? Resposta: Qualquer pessoa que atenda aos pré-requisitos e requisitos para a obtenção do grau mínimo necessário para a emissão do certificado, além do pagamento de uma taxa. Muitas certificações precisam ser renovadas em períodos pré-estabelecidos, pagando uma taxa menor e fazendo uma prova ou não.
Mas e o profissional certificado e chato?
Na verdade, ele não é chato. Ele foi instruído sobre como iniciar e conduzir uma atividade relacionada ao produto ou serviço em que foi certificado, para permitir basicamente 3 coisas:
1) Uniformidade: Ao utilizar os procedimentos que aprendeu durante o processo de certificação, o profissional certificado precisa garantir que a atividade seguirá um padrão de precedência de ações para garantir coerência e disponibilizar as informações de forma confiável e que todos entendam o status e os próximos passos a serem tomados, sejam colegas de time, clientes ou o próprio fabricante.
2) Rastreabilidade: As informações não precisam ser claras apenas, mas tratadas e armazenadas de uma forma que possam ser resgatadas a qualquer momento. Imaginem se este profissional tira férias, fica doente ou pede demissão? Vamos começar tudo do zero? Um outro profissional certificado poderá continuar o processo do ponto onde parou.
3) Credibilidade: A certificação, que é a comprovação de conhecimentos, subentende que o profissional certificado vai utilizar todas as ferramentas e informações que dispõe o fabricante para sanar o problema ou produzir o resultado esperado, inclusive em tempo menor que um profissional não-certificado. Comprar um roteador Cisco e pedir a um profissional não-certificado para configurá-lo é o mesmo que comprar uma Ferrari e deixar o jardineiro da sua fazenda levar o porco doente para o veterinário no banco de trás. Ele até vai conseguir cumprir a tarefa, mas além de não utilizar toda a capacidade do equipamento, ele não vai atentar para as questões de segurança e o deixará com uma configuração incompleta ou com erros, que só o fabricante conseguirá corrigir, então, para não acionar o fabricante a todo momento, contrate um profissional certificado. Também a empresa certificada ou que emprega profissionais certificados transparece mais credibilidade junto a outras instituições/entidades relacionadas aos aspectos sociais e econômicos.
OK, não sou um profissional certificado, tenho muita experiência em um produto/serviço, e não sou tão chato quanto um profissional certificado!
Sim, é claro que existem inúmeros profissionais que são proficientes, inovadores e com alta eficiência e produtividade, porém, eles não foram comissionados por um fabricante, e em caso de falha, não será possível obter suporte gratuito. O barato pode sair caro, e dois contratos precisarão ser assinados, quando poderia ser apenas um. A questão principal aqui é a responsabilidade, e o risco cobrou a fatura. O profissional certificado sabe que poderá ter o apoio do fabricante, mas apenas se tiver seguido o procedimento seguido por ele. Até mesmo as falhas precisam ser reportadas através de um formulário preenchido corretamente, para evitar inúmeros emails e ligações telefônicas. No final, mesmo sendo chatos, os profissionais e empresas certificadas acabam por poupar tempo e dinheiro!
Quanto custa uma certificação?
Os valores podem variar de R$ 300,00 a R$ 4.000,00 apenas para a prova das certificações mais simples. As mais caras podem custar até R$20.000,00. Os cursos preparatórios (presenciais e EAD) são pagos por fora e alguns são pré-requisitos, ou seja, é o treinamento formal exigido. Lembrando que muitas certificações precisam ser renovadas a cada dois ou três anos em média, e depende do pagamento de taxa de renovação.
Mas e o mercado? Como o mercado vê os profissionais certificados e não certificados?
As visões são bem diferentes. Entre os profissionais existe uma certa desconfiança entre os que possuem uma certificação e os que não possuem. De forma muito parecida com a graduação e pós-graduação, alguns acreditam que não precisam de certificação para manter seus empregos ou progredir na carreira, mas ao mesmo tempo, muitos criticam os que já possuem ou estão buscando a certificação, por acreditar ser perda de tempo e dinheiro. Já os profissionais certificados enxergam a certificação como degraus de uma escada, estão sempre almejando a próxima certificação, e não entendem como os “sem certificado” conseguem se manter no mercado de trabalho!
Já do lado das empresas, a questão é bem mais complicada.
Os anúncios de emprego, que já estavam cheios de palavras como “experiência”, “graduação”, e “Inglês fluente”, agora trazem também diversos acrônimos e siglas como MBA, MSCA, MVP, CCNA, PMI, etc. É raro encontrar um anúncio de emprego em tecnologia que não traga pelo menos duas siglas…
Os profissionais “sem certificado” reclamam bastante que o investimento é alto e que o salário oferecido é baixo, porém sempre haverá um profissional certificado que vai aceitar o emprego, pois de outra forma ou a oferta salarial seria aumentada, ou o posto de trabalho seria fechado.
As empresas buscam profissionais certificados e não tem tempo ou dinheiro para capacitar seus novos talentos. Hoje, porém, é latente a reclamação de executivos e do pessoal de recursos humanos, afirmando que muitos desses profissionais que carregam um saco de certificados, não tem visão de negócio, não sabem lidar diretamente com o cliente, não vestem a camisa da empresa, muitos não sabem trabalhar em grupo e acabam por pedir demissão ou ser dispensados em poucos meses. Entretanto, nos casos de sucesso, o nível de escolaridade e a certificação profissional acabam por facilitar promoções e aumentos salariais. Em média, um profissional certificado conquista aumentos salariais entre 15% a 40% maiores do que os “sem certificado”.
Essa situação já ocorreu, está acontecendo agora e continuará no futuro, pois o mercado, apesar de buscar os melhores talentos, oferece postos de trabalho para todos os níveis, idades, escolaridade e quantidade de certificados. Depende muito da situação macro-econômica, da região geográfica, do momento sócio-político do estado onde moramos, mas também depende do nosso planejamento de carreira, que muitos profissionais no Brasil aprendem e aplicam muito tardiamente.
FONTE: Profissionais de TI