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N o t í c i a s

4/2/2013
Diretor de fotografia comenta seu trabalho em novo filme de Quentin Tarantino, ‘Django Livre’

Quando era jovem, o cineasta Quentin Tarantino trabalhou durante um longo período na locadora Video Archives. Foi neste local que ele mergulhou no mundo do cinema, devorando filmes e mais filmes e angariando as inúmeras referências cinematográficas que povoam suas produções, desde sua estreia em “Cães de Aluguel” até “Bastardos Inglórios”, seu premiado filme de 2009.

Este ano ele retorna aos cinemas brasileiros com “Django Livre”, a mais clara do diretor a seu amor pelo gênero conhecido como western spaghetti, um subgênero dos faroestes que emergiu nos anos 60 e teve seu auge sob a tutela do diretor italiano Sergio Leone e estrelado por Clint Eastwood, caso da clássica “trilogia dos dólares”, iniciado por “Por um Punhado de Dólares”. Se em produções anteriores Tarantino acrescentava alguns elementos do gênero à história – como o magnífico uso da trilha sonora de Ennio Morricone na abertura de “Bastardos Inglórios” -, nunca ele foi tão a fundo nessa fonte quanto nesta estreia.

Com certeza, dentre todos os aspectos da produção mais influenciados está a fotografia. Tarantino usa e abusa não só de elementos do western spaghetti, mas também de elementos do próprio faroeste, como as tomadas amplas e em locação pelas quais o diretor John Ford ficou conhecido na Época de Ouro em Hollywood. Nenhuma referência é acidental, como afirma o diretor de fotografia do longa, Robert Richardson, em seu quarto longa em parceria com o Tarantino – após “Kill Bill Vol. 1” e “Vol. 2” e “Bastardos Inglórios”. “Fizemos uma extensa pesquisa nos filmes que ele admira. Estávamos analisando menos os elementos narrativos e mais o estilo e estética, especialmente na maneira como eles usavam suas câmeras”, disse o DP.

Dos westerns spaghetti, por exemplo, Richardson tomou um recurso estético intitulado “eye-popping quick zoom”, zoom rápidos que dão um close-up no rosto do ator, enfatizando a dramaticidade da cena em questão. Com esse e outros toques dados ao filme, o DP admite que o visual de “Django Livre” “é mais estilizado do que realista”. Ele utiliza uma metáfora musical para descrever a sua opinião sobre o filme: “Para mim, é semelhante a um excelente show de rock ou álbum em que você pode entrelaçar Neil Young, Bob Dylan com The Who e Creedence Clearwater – há elementos de todos eles lá”, observou.

Richardson continua: “A maioria dos filmes este ano tiveram uma abordagem mais realista para a iluminação, mas eu não tive que fazer isso, não era algo que Quentin queria. Um exemplo é a bela aparência polida da crucial sequência na sala de jantar da mansão Candyland – a casa de Calvin Candie, o cruel proprietário de escravos interpretado por Leonardo DiCaprio – um contraste irônico às crueldades que se desdobram lá. A iluminação principal é à base de velas e candeeiros a gás. Estava procurando a luz mais suave que eu poderia encontrar para obter aquele visual”.

Estes efeitos estéticos foram possíveis em parte por conta da decisão de Tarantino em filmar em 35 milímetros anamórfico, criando o formato widescreen dos faroestes clássicos. Porém, isto dificultou as filmagens em locais pouco iluminados ou de cenas noturnas, inclusive numa cena que tem tudo para agradar aos fãs dos ácidos diálogos criados pelo diretor e roteirista e que envolve um passeio noturno de um grupo pré-Klu Klux Khan. “Cenas à noite eram extraordinariamente difíceis, porque estávamos filmando em película anamórfica com ASA 400 ou 500″, observou o DP.

As filmagens duraram seis meses e foram realizadas em diversas locações, do sul da Califórnia até o sul do País, e começaram nos arredores de Los Angeles em Melody Ranch, conhecido por fornecer o cenário para centenas de filmes de faroeste, incluindo “Matar ou Morrer” e “No Tempo das Diligências”. Filmar nestes locais icônicos do cinema teve um impacto emocional e profissional em Richardson. “Foi incrível estar no Melody Ranch. Eu me senti influenciado não só em termos de estilo, mas também sentimentalmente e quanto ao meu apego como artista”. O resultado é um trabalho primoroso, que levou uma indicação ao Oscar de Melhor Fotografia desse ano.

“Django Livre”, estreia da Sony Pictures com Jamie Foxx, Christoph Waltz e Leonardo DiCaprio, já está nos cinemas.

FONTE: Cineloc


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