O medo de perder produtividade e a dificuldade em mensurar os benefícios são os principais fatores que impedem as empresas de apostarem nas redes sociais como forma de potencializar e melhorar a comunicação interna. A conclusão é de um estudo da PwC com 85 companhias de diversos segmentos que atuam no Brasil. Segundo os dados, enquanto a maioria das organizações faz uso dessas ferramentas - em especial para conversar com o público externo-, cerca de metade nem ao menos libera o acesso de todos os funcionários no ambiente de trabalho.
Para João Lins, sócio da consultoria, a prática de aliar o uso dessas tecnologias a políticas relacionadas aos colaboradores ainda está em estado embrionário. Afinal, são poucas as que entendem como essas mídias podem ajudar na gestão do conhecimento e no desenvolvimento de seus quadros. "A comunicação interna sempre foi um desafio para as organizações", diz.
Entre as empresas pesquisadas, 67% dizem que usam mídias sociais. A maioria, contudo, diz que a prioridade é manter o relacionamento com clientes. Apenas 51% liberam o acesso a todos os funcionários. Enquanto 61% consideram a questão relevante, o mesmo percentual de companhias admite não ter políticas específicas sobre o tema.
O principal motivo dado pelas organizações para não liberar o acesso às redes é o receio de que os funcionários percam o foco e a produtividade -preocupação de 69% das participantes. Já 61% justificam o bloqueio com questões de segurança e medo de divulgação de informações confidenciais. "As preocupações são válidas, mas não podem ser barreiras", explica Lins. Um dos primeiros passos, de acordo com ele, é a criação de um manual de conduta para orientar os profissionais.
O sócio da PwC afirma que a entrada da geração Y nas empresas faz com que as companhias reconheçam a necessidade de apostar nessas ferramentas para se comunicar. "Em sete anos, esses profissionais serão metade da força de trabalho. Como eu vou me comunicar com eles? Por memorando?", brinca.
Um estudo anterior da consultoria sobre a "geração do milênio" revelou que metade dos entrevistados prefere se comunicar eletronicamente no trabalho ao invés de pessoalmente ou por telefone. Três quartos dos jovens acreditam que o acesso a esse tipo de tecnologia no ambiente profissional faz com que eles sejam mais eficazes. A própria PwC, por exemplo, possui uma plataforma interna que conecta profissionais da consultoria de todos os países.
Paralelamente, Lins conta que sua equipe, composta de 30 pessoas espalhadas pelo país, faz uso contínuo no celular do aplicativo de troca de mensagens "Whatsapp". Muitas vezes, as informações trocadas são posts de blogs e vídeos do Youtube. Segundo o executivo, uma alternativa para as empresas é "patrocinar" iniciativas de comunicação próprias dos funcionários que estejam em linha com a organização. "As redes são um excelente veículo para estimular a inovação e a cocriação dentro da companhia."
Entre os desafios que as empresas destacam para investir mais no uso das redes sociais como forma de comunicação interna está mensurar os benefícios da prática, citado por 55% das companhias. Entre as que já usam essa ferramenta na gestão de pessoas, a grande maioria (90%) considera que a atração de talentos é a principal tendência, seguida por fortalecer a marca e a capacitação de profissionais.
FONTE: Valor Econômico