Dirigir e usar o smartphone, está mais que provado, são atividades que não funcionam bem quando realizadas simultaneamente. Mas você sabe que está na hora de questionar toda sua atividade digital quando o uso do seu smartphone pode colocar em risco a vida dos seus filhos.
Nos Estados Unidos o smartphone está ganhando status de bicho-papão entre os médicos. A distração de pais ou outros adultos com smartphones enquanto estão olhando crianças pequenas é acusada de ampliar a quantidade de acidentes com crianças que dão entrada nos pronto-socorros do país. As estatísticas colhidas pelo Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA junto aos hospitais mostram um crescimento médio de 12% no número de acidentes com crianças abaixo de cinco anos de idade, entre 2007 e 2010. O crescimento é mais alarmante ainda porque desde os anos 70 o número de acidentes nessa mesma faixa etária vinha caindo sistematicamente ano a ano.
Um longo artigo sobre o assunto foi publicado pelo The Wall Street Journal (WSJ) (VEJA AQUI), lotado de exemplos apavorantes de acidentes com crianças provocados pela distração de adultos conectados. Um dos exemplos, de 2009, cita o afogamento de um garoto de dois anos enquanto a mãe se distraiu por cinco minutos postando no Twitter fotos de uma tartaruga.
Médicos acusam a tecnologia, mostrando que entre meados de 2007, ano em que a Apple lançou o iPhone, e final de 2010, a base de usuários de smartphones no país saltou de 9 milhões de pessoas para 63 milhões. Nesse caso, dizem os especialistas, a relação é muito direta para ser ignorada. E muito preocupante para ser considerada apenas uma gritaria neoludita. Há uma anomalia nos números e ela precisa ser explicada
No infográfico postado pelo WSJ junto com o artigo (VEJA AQUI), o salto nas linhas dos gráficos de diferentes tipos de acidentes entre 2007 e 2010 impressiona: tombo de cadeiras e sofá, crescimento de 27,3%; acidentes no berço ou berçário, crescimento de 30,5%; acidentes no parquinho, 16,5% acima; acidentes em piscinas, alta de 35,9%; quase afogamentos, 105,3% de crescimento.
A fusão entre vida analógica e vida digital é inexorável e a tendência é de ambas serem uma só coisa. A questão agora é como vamos evitar absurdos ou exageros. Segundo especialistas, as pessoas não colocam o ato de responder a um email ou a um tweet na categoria de distração, como colocariam assistir TV ou ler um livro. Mas é uma distração. Que acontece ao longo das 24 horas do dia!
Não duvido da relação entre a tecnologia e os acidentes. Estamos cada vez mais distraídos e cada vez mais imersos nos equipamentos digitais. Não prestamos atenção ao tempo consumido para responder uma mensagem de texto (que nunca é uma só), mandar um tweet, responder um email ou postar uma foto no Facebook. Nunca é uma ação isolada, a teia social é muito ampla para limitar-se a uma só entrada.
Uma mãe disse que não tinha tirado os olhos do filho por mais de 20 segundos antes do acidente na piscina. As câmeras de segurança do parque mostraram que foram mais de 3 minutos no smartphone, tempo suficiente para o garoto afundar na piscina (nesse caso foi salvo). Faça o teste, peça pra alguém cronometrar sua distração, mas por favor sem crianças por perto.
FONTE: IDG NOW