Muitos dos atuais departamentos de TI têm-se mostrado relativamente lentos em adotar a computação em nuvem. Ela não pode ser ignorada, apesar de haver tantos analistas desinformados sobre como esse conceito pode ajudar empresas a ganhar maior eficiência na gestão de suas infraestruturas de TI.
Não posso acreditar que milhares de pessoas, no mundo, que trabalham na área de TI, em suas casas utilizam tão somente programas de software hospedados em seus computadores residenciais. Conheço alguns antigos colegas de trabalho que têm, em suas residências, ambientes de computação que deixariam envergonhadas as antigas salas de controle da NASA!
Tenho certeza de que esses profissionais de TI, em suas casas, também usam algum tipo de serviço baseado na nuvem, talvez o Apple’s iCloud ou o programa de e-mail da Google. Portanto, qual é o motivo que faz com que esses mesmos profissionais de TI, em seus escritórios, levantem barreiras e ignorem totalmente o fato de que os serviços baseados na nuvem estão começando a impactar o modo como os funcionários executam seus trabalhos diários?
Que tal proteger seu emprego, para começar? Os serviços baseados na nuvem não devem ser considerados como uma ameaça, mas devem ser vistos como uma forma de executar tarefas de maneira diferente, prestando serviços mais confiáveis a usuários, em toda a organização. Nos últimos 40 anos, vi departamentos de TI instalarem muitos ambientes diferentes, desde sistemas de time-share, software hospedado em mainframes, software hospedado em computadores de mesa e laptops. Agora, estamos entrando em uma nova era, na qual o software retorna a um ambiente hospedado com múltiplos residentes. Certamente, os departamentos de TI deveriam estar gratos por isso.
O instituto de pesquisas Gartner recentemente apresentou cinco tendências da computação em nuvem que afetarão as estratégias traçadas para a computação em nuvem, até 2015. Segundo ele, “a computação em nuvem é uma importantíssima tendência tecnológica que se disseminou pelo mercado nos últimos dois anos. Ela estabelece o cenário para um novo enfoque à TI, possibilitando que pessoas e empresas escolham como querem adquirir ou prestar serviços de TI, com menor ênfase nas restrições impostas pelos modelos tradicionais de licenciamento de software e hardware”.
Essa declaração me parece bastante clara. Profissionais de TI acordem, pois o trem da computação em nuvem está saindo da plataforma um e, se não estiverem a bordo, perderão a chance de conduzir suas empresas para o próximo patamar!
Portanto, se puder escolher, você preferiria pegar o trem Maglev rumo à computação em nuvem, na plataforma um, ou a “maria-fumaça”, de volta à Idade Média da TI, na plataforma dois?
O Gartner destaca várias tendências que irão acelerar, mudar ou atingir um ponto máximo, nos próximos três anos. Os departamentos de TI precisam incluir essas tendências em seus processos de planejamento.
Estruturas formais para a tomada de decisões facilitam a otimização dos investimentos na computação em nuvem – A natureza hospedada dos ambientes de computação em nuvem possibilita que os departamentos de TI passem de um modelo de custos baseado em capital intenso para um operacional ou até para um modelo baseado em cada projeto individualmente. Consequentemente, os custos gerais serão menores, a agilidade será maior e a complexidade, menor. Os novos modelos também ajudarão os departamentos de TI a manterem seus focos em atividades com maior valor agregado, assim como instalar um novo sistema SAP ou tratar de outros aspectos que contribuam para a redução dos riscos operacionais da empresa. Portanto, se as implantações de ERP forem vistas como prioridades estratégicas por muitas empresas, como seus departamentos de TI poderão instalar serviços baseados na nuvem, englobando uma comunidade diversificada de parceiros comerciais?
A computação em nuvem híbrida é imperativa – Há, de uma maneira geral, dois ambientes principais de computação em nuvem, o público e o privado. Muitas empresas, porém, farão uso dos dois tipos de serviços, criando assim um ambiente híbrido de computação em nuvem. Esse ambiente híbrido torna-se então o ambiente de nuvem único ou unificado que os usuários utilizarão em seu dia a dia. O Gartner recomenda que as empresas concentrem, no curto prazo, seus esforços na integração de aplicações e dados, conectando aplicações fixas, tanto internas como externas, com uma solução híbrida. O que acontece, porém, quando as empresas não contam internamente com a capacitação para assumir o trabalho de integração necessário à criação de uma plataforma híbrida?
A corretagem da computação em nuvem facilitará o consumo da computação em nuvem – Com tantos tipos diferentes de ambientes de nuvem disponíveis, o que acontece quando for necessário compartilhar informações entre essas plataformas de nuvem? Como é possível garantir que as informações em uma plataforma de nuvem estão em sincronia com as da outra plataforma? Em resumo, Cloud Service Brokerage (CSB), ou seja, corretagem de serviços de nuvem é a resposta. Trata-se de um termo cunhado pelo Gartner para descrever o processo de intermediar informações entre diferentes plataformas de nuvem. O Gartner prevê que o interesse na CSB aumente significativamente, nos próximos três anos, assim que os ambientes de nuvem começarem a amadurecer e os departamentos de TI a entender que informação deve ser roteada. Segundo o Gartner, os departamentos de TI devem explorar como podem se posicionar como CSBs para toda a organização estendida. Isso é bom para empresas de maior porte com centenas de pessoas trabalhando no departamento de TI, mas quanto às outras companhias que estão considerando reduzir a escala de suas operações de TI? Como essas empresas poderão ter acesso à capacitação necessária para integrar diferentes soluções baseadas na nuvem em um só ambiente?
Uma estrutura centrada na nuvem é fundamental – Na primeira vez em que adotar um ambiente em nuvem, o departamento de TI poderá simplesmente verificar se uma aplicação pode ser acessada por uma frente na web, em vez de ser por meio de um software instalado em um PC. Essa é obviamente a maneira mais simples de entrar no mundo da computação em nuvem, mas o que acontece se a infraestrutura básica de TI não tem capacidade para dar acesso às aplicações hospedadas? Haverá maior demanda da rede corporativa, quando acessados equipamentos remotos de armazenamento, sem falar na capacidade do PC para executar uma aplicação hospedada, sobretudo diante da outra tendência do momento, Big Data. O Gartner recomenda que, antes de embarcar em novos projetos de nuvem, deve-se considerar o ambiente em sua totalidade e, sempre que possível, ele deve ser projetado do zero, para que possa prestar serviços baseados na nuvem. De uma forma característica, os atuais ambientes de nuvem consistem em três camadas, Infraestrutura como Serviço (IaaS), Plataforma como Serviço (PaaS) e Software como Serviço (SaaS). Portanto, como as empresas podem desenvolver um ambiente baseado na nuvem que seja o melhor, incluindo essas três camadas? É preciso considerar a contratação de um fornecedor externo que possa ajudar a empresa a adotar esse ambiente?
A computação em nuvem influencia os futuros Centros de Dados e Modelos Operacionais – Muitas empresas de grande porte continuarão a operar seus próprios centros de dados, qualquer que seja o motivo para tanto. No entanto, o projeto dos futuros centros de dados deve incluir as melhores práticas usadas por prestadoras de serviços de nuvem. O Gartner recomenda que as empresas apliquem os conceitos da computação em nuvem aos futuros centros de dados e investimentos em infraestrutura, visando aumentar a agilidade e a eficiência. Se o centro de dados da empresa tiver uma arquitetura semelhante à prestadora de serviços de nuvem, então as implementações de ambientes de nuvem serão mais simples e, o que é mais importante, as de ambientes de corretagem de serviços de nuvem também o serão. Portanto, como será possível para os departamentos de TI aprenderem como instalar centros de dados especificamente para a nuvem? Muito provavelmente, as prestadoras de serviços de nuvem estariam dispostas a compartilhar melhores práticas para instalação de servidores, redes e equipamentos de armazenamento.
Procurei dar a visão geral do Gartner sobre as principais tendências da computação em nuvem para os próximos anos. Ao mesmo tempo, fiz umas perguntas importantes sobre como as empresas podem abordar essas tendências. O que acontecerá no futuro, porém? Como serão os ambientes de computação em nuvem, daqui a cinco anos? Tenho certeza de que os próximos projetos de ambientes de nuvem serão enormemente influenciados pela tendência BYOD, Bring Your Own Device, ou seja, traga seu próprio dispositivo, tendência que já está acontecendo em muitas empresas.
FONTE: CIO UOL