Você liga o computador, abre o navegador e entra no Facebook. Assim que a página abre, lá está ela: a bolinha vermelha, reluzente no canto do seu monitor. Ícone que entrou pro inconsciente coletivo quase que instantaneamente, ela quer dizer uma coisa só: alguém interagiu com você. Curtiram seu status, compartilharam aquela frase genial que você postou, te marcaram em uma foto. Não importa: a bolinha vermelha é sinal de que alguma coisa está por vir. Essa pequena ansiedade libera dopamina no seu organismo, causando uma silenciosa sensação de prazer. Lado bom: aquela gatinha curtiu seu status. Lado ruim: isso pode te viciar.
A dopamina é a mesma substância que faz as pessoas se viciarem em drogas ou até mesmo em jogos de aposta. Pessoas que checam seus e-mail a cada instante, o fazem em busca de prazer. Mesmo que não saibam, elas estão à procura de boas notícias que podem chegar em sua caixa de entrada a qualquer momento. Daí, nada mais lógico que ficar de olho no smartphone o tempo todo. Essa obsessão é tão grande que faz com que tenhamos a sensação de nosso celular ter vibrado, quando ele nem está no bolso. É expectativa e ansiedade condensadas em seu estados mais densos – e tensos.
Tradicionalmente, antros da perdição sempre foram separados da sociedade de bem por alguma barreira física. Cassinos, só em Las Vegas. Baladas, só para maiores de idade. Mas, como já estamos cansados de saber, a internet não lida muito bem com essa palavrinha: barreiras. Está tudo ao nosso alcance, o tempo todo. O paralelo entre jogos de azar e tecnologia vai além. Estudos mostram que os donos de cassino criam mecanismos para tornar o vício mais cômodo, mais agradável e, por conseqüência, mais frenético e duradouro. Máquinas de caça-níquel são programadas para ter um grande número de quase acertos. Se aparecem três figurinhas iguais, e com quatro você teria ganhado, seu cérebro te induz a continuar apostando, afinal você não ganhou por uma questão de detalhe. Essa técnica aumenta em até 30% o tempo que o jogador fica na frente da maquininha à espera da sonhada cascata de moedas. Cerca de 4% dos apostadores são viciados. Esse número sobe para 10% quando falamos de pessoas que tem sua vida comprometida por causa da dependência em relação à internet.
Os avanços da tecnologia também chegaram à medicina, que já consegue mapear quais áreas do nosso cérebro são acionadas durante as interações com aparelhos eletrônicos. Isso cria um precedente perigoso, principalmente do ponto de vista moral: através do Facebook e do Google, as empresas sabem de tudo que você gosta e o que você faz. A ressonância magnética mostra como seu cérebro se comporta durante uma partida de game online, pra ficar em um exemplo só. Esse cruzamento de tecnologias torna ridiculamente fácil pras empresas lucrarem com um vício, uma dependência. Algo que as marcas de cigarro e bebida já sabem faz um tempo.
FONTE: Revista Galileu