Analisando as empresas brasileiras a partir de 2005, podemos notar uma grande quebra de paradigma em relação à cultura de propriedade de equipamentos de tecnologia. Isto quer dizer que houve quebra da resistência à opção de alugar ao invés de comprar. Com a dificuldade do crédito, principalmente com a crise de 2007, as corporações foram obrigadas a enxergar novas possibilidades. Então, notou-se que o modelo denominado Infrastructure as a Service (IaaS) ou infraestrutura como serviço encaixava-se muito bem nesse novo cenário, porque, além de eficiente é bastante funcional também do ponto de vista financeiro.
Atualmente, muitas empresas importantes já trabalham sob o modelo IaaS. Na verdade, estamos vivendo o início do momento de glória do IaaS e acreditamos que o pico de demanda ocorrerá nos próximos anos, dado o crescimento econômico do País e os eventos esportivos que serão aqui sediados.
Independentemente do modo como estão sendo organizados, esses eventos já estão obrigando o Brasil a se adequar em infraestrutura física. Vamos precisar de novos aeroportos, estádios, pontes etc. Essas obras demandam um backoffice muito forte, pois as empresas prestadoras de serviços precisarão montar rapidamente ambientes de TI com serviços flexíveis. Nosso cenário econômico de reestruturação está possibilitando às companhias enxergarem os planejamentos no longo prazo. Isso traz certo conforto e otimismo para nossa área.
Outro fator favorável em relação ao modelo IaaS é que, com a pressão para diminuição dos orçamentos de TI, as companhias vêm buscando novas alternativas para manterem seus ativos funcionais e atualizados de acordo com a necessidade de seus core business. Além disso, o modelo elaborado para a diluição e diminuição desses custos deve abrigar em seu conceito, principalmente, a estimativa de despesas feitas em hardware, software e peopleware, em um ambiente totalmente gerenciado. Também vale destacar que a unificação de diversos serviços em apenas um fornecedor diminui não só os custos com o gerenciamento de diversos contratos, como também reduz o tempo de solução para os usuários. Todas essas são vantagens do modelo IaaS.
A integração desse serviço é completa e transparente e vai da compra no fabricante até a configuração do equipamento em cada usuário. Ou seja, o controle, a manutenção e a gestão durante toda a sua vigência ocorrem de uma forma clara. O cliente tem toda essa operação correndo em seu backoffice e a enxerga de forma estratégica. Então, por essa razão, ele não se preocupa, por exemplo, com estoque de peças, reposição, máquina em sua sede e outras espalhadas por suas filiais – tudo isso é responsabilidade do prestador de serviços de IaaS contratado.
Com essa estrutura oferecida, fica mais fácil entender por que é vantajoso contratar esse tipo de serviço especializado. A partir do momento em que se tem essa composição de logística, de armazenamento, de modelo, de volume de compra com os fabricantes, é possível usá-la de forma compartilhada. Isso quer dizer que não é colocado todo o custo em apenas uma operação, mas rateada em diversas operações. Por isso, é indispensável ressaltar que quando o cliente faz um contrato de IaaS não está comprando somente a possibilidade de usar o hardware e o gerenciamento dele, mas também o suporte a esse hardware. O que isso significa? Significa que quando precisar de algum serviço de suporte técnico, independentemente do problema, o usuário terá apenas de acionar o fornecedor de IaaS que, na maioria das vezes, poderá resolver o problema remotamente. Caso isso não aconteça, a máquina será substituída por outra no SLA, que é um compromisso com prazos rigidamente estabelecidos em contrato, para atendimento aos usuários e que, se não cumprido, o prestador estará sujeito à pesadas multas.
Help desk interno e no IaaS
Qual é a diferença entre o atendimento realizado internamente pelas companhias e quando contratam IaaS? A diferença é o SLA. No IaaS, dificilmente a empresa não será atendida naquele período estipulado por contrato. Isso para o usuário é muito importante porque, normalmente, nas equipes internas, a hierarquia era o que determinava a prioridade de atendimento.
O modelo de IaaS pode abrigar projeto taylormade – feito sob medida — ou seja, hierarquizado no sentido de prioridade. Por exemplo, o cliente determina que a área de TI tenha um SLA de seis horas, que o presidente da empresa seja atendido, no máximo, em duas horas e as demais áreas em 12 horas. Após essa definição, é montado um planejamento de acordo com a necessidade do cliente, e será precificado baseado nessas especificações.
Outra hierarquização diz respeito à importância dos equipamentos na rede. Por exemplo, um microcomputador de um gerente é bem importante, mas não tanto quanto um servidor de alta disponibilidade ou um ativo de rede que derruba a internet, ou até mesmo um servidor de email que, se parar, nem o presidente da empresa consegue ter conexão. Isso tudo fica claramente determinado e delineado e o fornecedor de IaaS tem de cumprir à risca.
Vamos a um exemplo: digamos que um hospital alugue 200 máquinas, uma delas deve ficar dentro da sala de cirurgia cardíaca. Ela comanda um determinado equipamento importante para uma operação. Caso, de repente, essa máquina para por um minuto, pode comprometer a vida de alguém. Então, o papel do fornecedor é desenvolver o modelo para garantir que dentro daquela sala não tenha apenas uma máquina, e sim, duas. Se, porventura, aquela parar, há contingência. Os projetos de IaaS têm essa característica de prever contingência durante todo o processo de negócios, não só na implementação e manutenção.
No modelo tradicional, se uma empresa tem 200 funcionários e apenas 200 máquinas, se alguma delas quebrar, o funcionário ficará sem acesso aos serviços de rede até seu equipamento ser consertado. No modelo IaaS, se, eventualmente, acontecer um problema no equipamento, o SLA será cumprido. Pensando dessa forma, para o usuário interno e para a companhia é muito mais vantajoso, pois todos ganham agilidade, a empresa não perde produtividade; e o atendimento passa a ser altamente profissionalizado por uma equipe externa especializada.
As bases do modelo IaaS preveem soluções rápidas para os problemas técnicos, pois o fio condutor do serviço é a disponibilidade.
Custo x benefício
Em relação aos custos, é necessário avaliar o enfoque do que será considerado como valor. Se houver apenas uma comparação do custo da compra e do custo do modelo, sem dúvida, o IaaS será considerado mais caro, porque não estamos falando apenas de uma máquina, mas também do software, da equipe de suporte, da disponibilidade, do financiamento, da taxa de juros e do gerenciamento. Entretanto, visualizando e somando todas as variáveis envolvidas em um contrato e a gestão desse parque, com certeza o IaaS acaba sendo mais barato e vantajoso.
Existe ainda uma vantagem fiscal, mas que só é permitida para empresas de lucro real. No modelo IaaS, as empresas passam a ter um crédito em relação ao PIS/COFINS sobre o valor pago mensalmente ao fornecedor, o que não é possível, por exemplo, no leasing operacional. O modelo IaaS também permite a depreciação total do contrato dentro da sua vigência, alocando todos os custos da operação como despesa, uma vantagem contábil considerável.
Hoje, o IaaS é comprovadamente funcional e as empresas conseguem ficar mais confortáveis conforme a sua variação operacional; isso fortalece o modelo e faz dele uma tendência em ascensão. Mas como toda novidade que surge em TI, o IaaS precisa primeiro provar seu valor, o que vem acontecendo mais claramente nesse último ano. Acreditamos ser apenas questão de tempo para que os bons resultados que são entregues diariamente aos executivos de TI e de finanças tragam segurança para que outras empresas experimentem esse novo paradigma.
FONTE: CIO UOL